Título: São Paulo: três em cada dez eleitores não votaram
Autor: Braga, Isabel
Fonte: O Globo, 09/10/2012, País, p. 10

A quantidade de votos brancos e nulos e a alta abstenção dos eleitores paulistas no primeiro turno chamou a atenção nestas eleições municipais. Cerca de 30% dos eleitores não votaram em candidato algum à prefeitura - foram apurados, aproximadamente, 8,6 milhões de votos. O índice de abstenção chegou a 18,48%, ou seja, 1,5 milhão de pessoas não compareceram às urnas. A última vez que as eleições municipais de São Paulo registraram abstenção tão alta foi em 1998, de 18,11%, segundo o Tribunal Regional Eleitoral de São Paulo (TRE-SP). No primeiro turno de 2008, a abstenção foi de 15,6%. No primeiro turno de 2004 foi de 15%, e em 2000, de 14,2% .

O índice de eleitores que votaram nulo no primeiro turno foi de 7,35% (516.184 pessoas), e a taxa de votos brancos foi de 5,43% (381.407), o que dá um total de cerca de 13%. Em 2008, 8% votaram branco ou nulo no primeiro turno. Em 2004, no primeiro turno, o índice de votos brancos e nulos ficou em cerca de 7% e no segundo turno foi menor, de 5%. Em 2000, a soma de votos brancos e nulos foi de quase 10% no primeiro turno. Em 1996, brancos e nulos somaram 7% no primeiro turno.

Para o professor de Ciências Políticas da Universidade de São Paulo José Álvaro Moisés, a soma é preocupante:

- Um terço dos eleitores não quiseram participar ou não encontraram nas alternativas. Isso não impede a democracia nem cria um risco, mas deve preocupar lideranças democráticas e políticas. É indicação da insuficiência das campanhas eleitorais, das propostas apresentadas pelos partidos e dos próprios candidatos que não conseguiram convencer o eleitorado.

Cientista político da Fundação Getulio Vargas de São Paulo, Cláudio Couto disse que os números não representam motivo para alarme, pois não são uma mudança de padrão. Ele acredita que a rejeição aos candidatos explica os índices:

- Talvez tenha havido mais rejeição do que em eleições anteriores. Tem o (José) Serra que tem rejeição alta. O PT, metido no mensalão, fez com que os eleitores que poderiam votar no partido não votassem. E (Celso) Russomanno, vinculado à Igreja Universal, acaba afastando o voto do eleitor mais tradicional.

Na opinião do cientista político Alberto Carlos Almeida, autor do livro "A cabeça do eleitor", a tendência é que os índices de abstenção, brancos e nulos sejam maiores no segundo turno:

- O eleitor fica cansado. São duas eleições muito próximas. Além disso, a oferta de candidatos é menor.