Título: O mensalão abateu muito o PT gaúcho
Autor: Gama, Júnia
Fonte: O Globo, 09/10/2012, País, p. 22
Fortunati critica Tarso Genro e elogia postura de Dilma
Um dia após vencer no primeiro turno, o prefeito reeleito de Porto Alegre, José Fortunati (PDT) - um ex-petista que rompeu com o partido e Tarso, em 2000, depois de ser vice dele na prefeitura - disse ontem, em entrevista ao GLOBO, que o mensalão abateu o PT gaúcho mais que em outros estados. Mesmo com elogios à postura da presidente Dilma Rousseff na disputa local, Fortunati disse que a eventual presença dela na campanha da cidade não teria influído no resultado.
- O mensalão abateu muito o PT no Rio Grande do Sul, mais do que em qualquer outro estado. Em 2005 (auge do mensalão), o PT começou a perder muito fôlego e agora isso voltou à tona com o julgamento, porque abre de novo a cicatriz. Aqui em Porto Alegre, tinha a maré vermelha, as bandeiras do PT espalhadas pela cidade. Hoje, não se vê mais uma bandeira do PT pelas ruas - disse o prefeito, que se reelegeu com 65% dos votos válidos, o maior percentual entre os nove eleitos nas capitais.
Fortunati disse não ter qualquer expectativa de trabalhar com o PT em gestão, apesar de afirmar ter recebido muitos votos de petistas que queriam "reparar o erro de 2000":
- Se o PT não desejava vir ao governo durante o processo eleitoral, certamente agora isso se torna inviável. O candidato Adão Villaverde e o presidente do PT municipal, Raul Pont, fizeram a crítica mais ácida em relação a nossa gestão. Por isso, não vejo como, por passe de mágica, a gente possa conciliar as nossas diferenças.
O prefeito reeleito elogiou a distância que a presidente Dilma manteve da eleição em Porto Alegre, onde vota. Mas minimizou sua influência na disputa:
- A participação da presidente teria tido pouca influência no eleitorado daqui. Faria diferença de um pontinho, talvez, mas nada mais. Podem trazer Marina, Lula, seja quem for. O morador de Porto Alegre é muito bairrista. Não adianta dizer que o Obama está te apoiando. Eu me sentiria constrangido em voltar ao Palácio do Planalto se a presidente tivesse assumido uma posição aberta em relação a qualquer outro candidato.
Ao desafeto, o governador Tarso Genro (PT), Fortunati fez críticas:
- No início, quem falava era o militante Tarso Genro, e depois começou a falar o governador Tarso Genro. Ele começou com um discurso muito contundente contra a prefeitura. Governador tem que ter um discurso mais institucional. A presidente Dilma nunca esqueceu que era presidente do país. Ela teve realmente uma postura de estadista.