Título: Troca por mais espaço
Autor: Pariz, Tiago; Queiroz, Guilherme
Fonte: Correio Braziliense, 03/10/2009, Política, p. 2

Enfraquecidos nas antigas legendas, políticos mudam de partido em busca da reeleição

Mangabeira: ex-ministro de Lula diz que ainda não definiu candidatura, mas já está no PMDB

O período de troca-troca partidário teve de tudo. Medalhões da política buscando novos ares, empresários se filiando em massa, jogadores de futebol e esportistas buscando seu espaço de olho na eleição do ano que vem. Com exceção da Presidência da República, eles desejam se lançar na disputa para governador, deputados federal e estadual, senador e até vice. Não importa, o que desejam é que, na nova casa, consigam o espaço que lhes foram tirados nas legendas antigas.

Na última semana, duas filiações ganharam um destaque especial: a do presidente do Banco Central, Henrique Meirelles, ao PMDB, e do ministro das Relações Exteriores, Celso Amorim, ao PT. Meirelles se prepara para disputar o Senado por Goiás, e Amorim, se depender dos petistas, tem cadeira cativa para se lançar à deputado federal pelo Rio de Janeiro. O ex-ministro Mangabeira Unger deixou o PRB e foi para os braços peemedebistas atrás da chance de disputar as eleições.

O ex-presidente Itamar Franco entrou para o PPS e almeja uma vaga de senador por Minas Gerais. Anthony Garotinho deixou o PMDB por falta de espaço, filiou-se ao PR com a garantia de que o partido o lançará novamente para disputar o governo do Rio. Esses movimentos deixam claro que a força motora é a eleição presidencial. O exemplo de Amorim explica o de todos os outros. Ele deixou o PMDB e se filiou ao PT porque quis deixar claro que em 2010 estará com a ministra da Casa Civil, Dilma Rousseff. ¿Ele entrou no partido para dizer que tem lado¿, disse o presidente petista, Ricardo Berzoini (SP). Itamar quis ficar ao lado do PSDB, que tem como pré-candidatos os governadores José Serra (São Paulo) e Aécio Neves (Minas Gerais).

Nanicos O ex-governador do DF Joaquim Roriz deixou o PMDB e se filiou ao nanico PSC, por não concordar com o apoio que sua antiga legenda pretende dar ao governador José Roberto Arruda (DEM). ¿Nós queremos ficar com o Lula na eleição do ano que vem e não se alinhar com o DEM¿, disse o deputado Laerte Bessa (DF), também neófito ao PSC. A saída de Roriz causou problemas para o PMDB da Câmara. O líder da bancada, Henrique Eduardo Alves (PMDB-RN), teve de conter pequena rebelião depois que Marcelo Melo (GO) entregou o cargo de vice-líder por entender que o partido abandonou Roriz.

O PSB atraiu o presidente da Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp), Paulo Skaf, com a promessa de que ele seria candidato ao governo paulista. O PV(1) filiou 11 executivos, entre eles o da Natura, Guilherme Leal, da Klabin e da SOS Mata Atlântica, Roberto Klabin, além de Fernando Tedesco Simões, do Moinho Brasil, Ricardo Young, presidente do Instituto Ethos.

Mas se há um sentido nesse troca-troca dos políticos famosos, na última semana do prazo apareceram os boleiros. A lista é extensa. Romário e Marcelinho Carioca assinaram a ficha do PSB. O corintiano e ex-goleiro Ronaldo foi para o PDT. O ex-jogador do Palmeiras e ex-vereador paulistano pelo PCdoB Ademir da Guia filiou-se ao PPS. Edmundo, que fez carreira no Palmeiras e Vasco, entrou para o PP do Rio.

1 - Musculatura O PV fez a filiação de 11 empresários ligados ao meio ambiente para transformá-los em potenciais vice-presidentes numa chapa encabeçada pela ex-ministra e senadora Marina Silva. Hoje, o nome que mais agrada aos verdes é o de Guilherme Leal, da Natura, mas Roberto Klabin, da SOS Mata Atlântica, também é visto como opção. O partido quer, além de renovar seus quadros com políticos e empresários ecologicamente corretos, pessoas capazes de atrair investimentos no decorrer da campanha eleitoral e dar musculatura à empreitada de Marina.