Título: Queda no desemprego dá novo alento a Obama
Autor: Barbosa, Flávia
Fonte: O Globo, 06/10/2012, Economia, p. 39

Com vantagem reduzida após debate, presidente aparece em empate técnico com Romney

Os novos números do mercado de trabalho americano, divulgados ontem, deram uma injeção de ânimo na campanha do presidente Barack Obama, numa semana até então centrada no seu fraco desempenho no debate com o ex-governador Mitt Romney. Buscando linhas de contra-ataque para quebrar o bom momento do republicano, Obama celebrou durante todo o dia, em comícios em estados-chave na disputa, a criação de 114 mil novas vagas, que derrubou a taxa de desemprego de setembro para 7,8%. O patamar é o menor desde sua posse em janeiro de 2009, abaixo da barreira psicológica de 8%, até então explorada por Romney como prova do fracasso das políticas presidenciais. O indicador reforça, desta forma, o discurso econômico de Obama - seu ponto fraco neste ciclo - e enfraquece a mensagem de Romney. Mas não é suficiente para alterar fundamentalmente o curso das eleições.

Ainda assim, a notícia veio em boa hora. Ontem, a pesquisa diária online Reuters/Ipsos, apontou que Obama perdeu quatro pontos nas intenções de voto desde segunda-feira e voltou à zona de empate técnico, batendo Romney por 46% a 44%. É um efeito direto do fato de um em cinco eleitores ter passado a ver o presidente mais negativamente após o debate, ao passo que um terço disse ter agora visão mais positiva do republicano.

- Acredito que, como nação, estamos avançando novamente. Depois de perdermos cerca de 800 mil empregos mensalmente quando tomei posse, nossas empresas já criaram 5,2 milhões de novos postos em dois anos e meio - disse Obama na Virgínia. - É um lembrete de que este país já chegou muito longe para voltar atrás agora. Não permitirei que isso aconteça. E é por isso que concorro a um segundo mandato.

A pesquisa roubou o foco da imprensa em favor de Obama e tirou de Romney um de seus ataques mais comuns ao presidente: o de que há mais de 40 meses a taxa de desemprego mantinha-se acima dos 8%. Mas o republicano encontrou novo caminho, criticando a velocidade e a consistência da criação de vagas.

- Foram criados menos empregos em setembro do que em outubro - contra-argumentou Romney, também na Virgínia. - Parece que o desemprego está caindo, mas a razão principal é que mais e mais pessoas simplesmente desistiram de procurar trabalho. A verdade é que a taxa seria de 11% se as pessoas que procuravam vaga quando o presidente foi eleito estivessem procurando agora.

Para analistas, a grande contribuição da pesquisa de emprego é oferecer a Obama uma nova narrativa, construída sobre a crescente percepção dos americanos de que a situação econômica, ainda que lentamente, vem melhorando. Em cima dessa avaliação é que a posição do presidente tem se fortalecido quando a pergunta aos eleitores é quem faria a coisa certa na condução da economia. No último levantamento do Pew Research Center, 52% confiavam que Obama tomaria boas decisões, contra 49% em Romney.

- Boa notícia econômica é boa notícia política. Obama precisava disso depois do debate, e a pesquisa dá a ele evidência numérica de que suas políticas estão funcionando - avaliou o cientista político Julian Zelizer, da Universidade de Princeton, em entrevista ao "Chicago Tribune".

Mas o estrategista democrata Chris Kofinis, falando à rede MSNBC, ponderou:

- O relatório de emprego ajuda, mas essa é uma disputa muito apertada.