Título: Russomanno perde liderança isolada em SP
Autor: Voitch, Guilherme; Uribe, Gustavo
Fonte: O Globo, 04/10/2012, País, p. 8

Datafolha aponta empate técnico entre candidato do PRB, com 25%, e Serra, com 23%; Haddad tem 19%

Faltando quatro dias para as eleições municipais, pesquisa Datafolha divulgada ontem mostra empate na disputa pelo primeiro lugar em São Paulo. O candidato Celso Russomanno (PRB) tem 25% das intenções de voto, tecnicamente empatado com o tucano José Serra, com 23%. O petista Fernando Haddad aparece com 19%, também empatado com Serra. Gabriel Chalita (PMDB) tem agora 11%.

Em duas semanas, Russomanno caiu dez pontos. Na pesquisa do dia 20 de setembro, ele tinha 35%. Na pesquisa do dia 27, tinha 30%. Agora, aparece com 25%. Como a margem de erro é de dois pontos, para mais ou para menos, ele deixou de ser líder isolado na disputa. Em relação à última pesquisa, Serra e Haddad oscilaram um ponto para cima. Chalita oscilou dois pontos positivamente.

Nas simulações para o segundo turno, o candidato do PRB vence Serra por 47% a 35% (votos totais). Também vence Haddad por 45% a 36%. Se o segundo turno for entre Serra e Haddad, o petista vence o tucano por 44% a 39%.

Rejeição a Serra está em 45%

Serra continua liderando em rejeição: 45% dos eleitores dizem que não votam nele de jeito nenhum. Russomanno vem em seguida, com 26%. Haddad tem 25% de rejeição. Também aparecem as intenções de voto aos demais candidatos: Soninha Francine, do PPS, com 4%; Carlos Giannazi, do PSOL, com 1%, Levy Fidelix, do PRTB, 1%, e Paulinho, do PDT, tem 1%.

A cientista política Maria do Socorro de Sousa Braga, da UFSCar, afirmou que a queda de Russomanno nas pesquisas se deve aos ataques que o candidato tem recebido de todos os lados e de um temor dos eleitores de sua ligação com a Igreja Universal do Reino de Deus (Iurd).

- Nas duas últimas semanas, o candidato passou a receber ataques de Fernando Haddad, José Serra e Gabriel Chalita. Com esses ataques, tem-se colado a imagem de que Russomanno pode ser uma espécie de boneco de fantoche da Universal, o que causa temor no eleitorado, que é de maioria católica.

Russomanno: "é bombardeio"

A divulgação da pesquisa coincidiu com o último dia de propaganda eleitoral na televisão. Na TV, Russomanno agradeceu o eleitor e foi apresentado como "um homem novo de verdade" que "mostra ser possível vencer sem atacar ninguém". A propaganda segue a linha das anteriores, que busca mostrar o ex-deputado federal como um político que se contrapõe à "velha política" da polarização PT e PSDB.

Em evento de campanha, Russomanno atribuiu a queda na pesquisa aos ataques que vem sofrendo.

- Estou muito feliz. Eu estou com dois minutos de televisão e os outros candidatos têm sete minutos cada um. Eu estou bem do jeito que estou. Todo mundo está me bombardeando, são sete partidos me bombardeando - disse, antes de partir para uma carreata entre o Centro e a Zona Leste da capital, ontem.

Serra fez sua última propaganda no horário eleitoral baseado na emoção. Pela primeira vez nesta campanha, trouxe imagens e depoimentos da esposa e das filhas. A propaganda de Serra ainda trouxe imagens do candidato andando pelas ruas. O beijo que o tucano recebeu de uma eleitora e sua cobrança de pênalti em um jogo de futebol com crianças, em que Serra perdeu o sapato, também foram levados ao ar.

O tucano fez campanha ontem ao lado do suplente da ministra Marta Suplicy no Senado, Antonio Carlos Rodrigues (PR), que é candidato a vereador. Eles visitaram uma favela reurbanizada na Zona Sul da cidade. Apesar de um cenário ainda indefinido sobre quem irá para segundo turno, Serra mostrou-se otimista e disse que acredita que metade dos eleitores vão definir seu voto nos próximos dias.

Em sua propaganda, Haddad trouxe depoimentos da presidente Dilma Rousseff e do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, gravados em comícios na capital paulista. Dilma diz que Haddad vai fazer "a diferença" na cidade. Lula, em vídeo gravado em estúdio, diz que o ex-ministro da Educação fará uma "revolução cultural e política na cidade".

haddad cola em lula

De tarde, o petista fez campanha, ao lado de Lula, e voltou a criticar o adversário do PRB e o acusou de não ser capaz de elaborar críticas sem repetir os "argumentos inverídicos" feitos pelo candidato do PSDB. Segundo Fernando Haddad, Russomanno está "um pouco perdido" na disputa municipal, em busca ainda de uma equipe de campanha.

Em discurso, o ex-presidente Lula criticou a TV Globo e a TV Record por não terem promovido o debate eleitoral e considerou uma vergonha que, em São Paulo, "a cidade mais importante do Brasil", não tenha havido a disputa televisiva.

A TV Globo decidiu não fazer o último debate, previsto para ocorrer hoje, após decisão da Justiça de São Paulo que obrigou a participação de dois candidatos que não somam 1% dos votos nas pesquisas produzidas pelo Ibope e pelo Datafolha: Levi Fidelix (PRTB) e Carlos Giannazi (PSOL).

A emissora só convidara os seis candidatos mais bem colocados nas pesquisas por acreditar que esse é o limite para que se faça um debate produtivo.