Título: Segundo Dilma, Brasil foi o último almoço grátis dos bancos
Autor: D'Ercole, Ronaldo
Fonte: O Globo, 04/10/2012, Economia, p. 30

Presidente afirma ao "FT" que nível de lucro deve ter padrão normal

Entrevista publicada ontem no jornal britânico "Financial Times" traz críticas da presidente Dilma Rousseff aos juros cobrados pelos bancos brasileiros. Segundo a reportagem, Dilma deixou claro que o Brasil é o último "almoço grátis" dos bancos no mundo - numa referência à celébre frase atribuída ao economista americano Milton Friedman, de que não existe almoço grátis.

"Estamos voltando a um ponto com níveis normais de lucratividade. Isso significa que alguns de nós terão que buscar lucro adequado nas atividades produtivas que são boas para o país", disse Dilma ao jornal britânico.

Na reportagem, a presidente salientou que a tendência de inclusão social no país continuou apesar da crise global. "Creio que é um ganho muito importante para o Brasil, ou seja, transformar o país numa população de classe média", disse ela ao jornal, que fez uma mistura de entrevista e perfil da presidente. "Queremos um Brasil classe média."

Freio na economia

O jornal lembrou que nos últimos anos o Brasil, apesar de continuar uma das sociedades mais desiguais do mundo, conseguiu retirar da pobreza entre 30 e 40 milhões de pessoas. Isso criou um mercado para empresas nacionais e multinacionais e atraiu investidores globais. Porém, a economia, após uma década de bonança, desacelerou repentinamente seu ritmo de crescimento, colocando ao governo o desafio de inventar um novo modelo de crescimento, num momento em que a economia global está estagnada.

Segundo economistas ouvidos pelo "FT", essa situação torna incontornável a necessidade de reformas para melhorar a competitividade e reduzir o custo Brasil. Indagada sobre os desafios para o país, Dilma, porém, preferiu criticar a política monetária americana: "Políticas monetárias expansionistas que levam à depreciação da moeda criam assimetrias nas relações comerciais.