Título: Google fecha acordo sobre o livro digital com editora dos EUA
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Fonte: O Globo, 05/10/2012, Economia, p. 35

Empresas decidirão sobre títulos. Briga com escritores continua

Depois de sete anos de disputas judiciais, a Google fechou acordo com editoras americanas para a digitalização de livros e periódicos. Foi um pequeno avanço nos planos da empresa de colocar on-line todos os livros do mundo, o chamado Projeto Biblioteca Google, mas há outro empecilho à frente: a disputa com os escritores.

O acordo entre a Google e a Associação das Editoras Americanas inclui McGraw-Hill, Pearson Education, Penguin Group, John Wiley & Sons e Simon & Schuster. Ele prevê que as editoras decidam que livros ainda sob proteção autoral de seus catálogos a Google poderá digitalizar. A gigante da internet ainda terá de dar uma cópia digital para a editora.

Com relação aos livros já digitalizados, a Google deixa que as pessoas leiam 20% de seu conteúdo on-line. Além disso, é preciso comprar a obra na loja Google Play. As partes não divulgaram os termos financeiros do acordo.

'Todas vendem livros digitais agora'

A disputa entre a Google a Associação de Escritores, no entanto, continua emperrada na Justiça. A briga começou em 2005, quando a Google anunciou sua decisão de criar uma megabiblioteca digital e foi logo processada por editoras e escritores, que acusavam a empresa de violar seus direitos autorais. Naquela época, os livros eletrônicos eram raros.

- Eles tinham essa ação pendente há anos, mas as editoras decidiram dar um passo à frente. Todas elas vendem livros digitais agora - disse James Grimmelmann, professor da Escola de Direito de Nova York, que acompanhou de perto o caso. - Esse é o futuro. Isso apenas celebra a transição.

Para Grimmelmann, o que preocupa é a disputa com a Associação de Escritores. Mas ele ressaltou que o acordo com as editoras pode contribuir para pôr fim à briga com as editoras, já que estas, agora, afirmam não estar tentando impedir que a Google digitalize as obras:

- Talvez o fato de as editoras não acharem que valia a pena continuar com a ação ajude um pouco a Google.

Escritores e editoras haviam entrado com uma ação conjunta contra a Google em 2005. As partes chegaram a um acordo no ano passado, no valor de US$ 125 milhões, mas este foi rejeitado por um juiz federal sob o argumento de que era muito amplo e suscitava problemas antitruste. A partir daí, editoras e escritoras seguiram ações distintas na Justiça.

"Estamos satisfeitos de que esse acordo resolva as questões que levaram a essa disputa", afirmou em nota Tom Allen, diretor-executivo da Associação de Editoras Americanas. Já David Drummond, diretor Legal da Google, afirmou que, com esse acordo, a empresa pode "se concentrar em sua missão e trabalhar para aumentar o número de livros disponíveis para educar, estimular e entreter nossos usuários."

Cortes na Motorola: US$ 340 milhões

A Google também informou ontem que gastará cerca de US$ 340 milhões com as demissões na Motorola Mobility, sua unidade de celulares. A empresa ainda alertou, em nota, que fará mais reestruturações nessa unidade, que podem atingir outros países além dos Estados Unidos.

Quando comprou a Motorola em maio, por US$ 12,5 bilhões, a Google anunciara que eliminaria 20% dos postos de trabalho na unidade. O objetivo da compra era reforçar seu sistema operacional Android com as patentes da Motorola, a fim de fazer frente à rival Apple.