Título: Empurrão do emprego
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Fonte: O Globo, 06/10/2012, Economia, p. 31

A um mês das eleições, taxa de desocupação nos EUA cai a 7,8%, menor nível desde 2009

A taxa de desemprego nos Estados Unidos recuou no mês passado, de 8,1% para 7,8%, informou ontem o Departamento de Trabalho americano. Trata-se do menor patamar desde que o presidente Barack Obama assumiu o governo, em janeiro de 2009. Apesar de as empresas terem aberto no período apenas 114 mil vagas, a queda no desemprego foi relevante porque ocorreu mesmo com um aumento no número de pessoas em busca de vagas. Em agosto, a taxa de desocupação havia recuado, de 8,3% para 8,1%, porém devido principalmente ao desalento, com menos trabalhadores procurando emprego.

O bom desempenho do mercado de trabalho americano a um mês das eleições presidenciais foi uma boa notícia para o democrata Barack Obama em sua disputa pela reeleição com o rival republicano, Mitt Romney. Mas, embora os números estivessem em linha com as pesquisas de confiança do consumidor feitas no mês passado, críticos de Obama sugeriram que os números teriam sido manipulados.

O ex-diretor-executivo da General Electric Jack Welch escreveu no Twitter uma mensagem colocando em dúvida a veracidade dos dados divulgados pelo Departamento de Trabalho. Ao ser indagada por um jornalista da CNBC sobre isso, a secretária do Trabalho, Hilda Solis, classificou a suspeita como "ridícula":

- Eu me sinto insultada quando ouço isso, porque somos uma organização civil de serviços muito profissional. - disse. - É realmente ridículo ouvir esse tipo de insinuação.

O Departamento de Trabalho também revisou para cima o número de vagas abertas em julho, acrescentando 40 mil pessoas empregadas, para 181 mil; e 46 mil em agosto, para 142 mil.

Desemprego atinge 12,1 milhões

Essas revisões sugerem que a economia pode estar se recuperando num ritmo acima do inicialmente previsto.

- Existe alguma coisa nesses números. A alta na taxa de participação (mais pessoas buscando emprego) mostra algo de uma melhora real no mercado de trabalho - disse o economista-chefe de mercado do Commonwealth Foreign Exchange, Omer Esiner.

As condições até então persistentemente fracas do mercado de trabalho americano foram a justificativa do Federal Reserve (Fed, o banco central dos EUA) para anunciar, em setembro, um plano para comprar US$ 40 bilhões por mês em títulos hipotecários, até que haja uma retomada sustentável do emprego.

Essa política, combinada com a promessa do Fed de manter perto de zero as taxas de empréstimo overnight perto de zero até pelo menos meados de 2015, ajudou a aumentar a oferta de crédito na economia americana, dando impulso aos consumidores, disseram analistas. Isso impulsionou as contratações no varejo em setembro.

Vagas temporárias, que são normalmente vistas como um prenúncio para contratação permanente, caíram em dois mil em setembro, após ficarem praticamente estáveis em agosto. Já a criação de emprego no setor industrial caiu pelo segundo mês seguido. O emprego na construção civil subiu em cinco mil, com o aumento da construção de moradias. A criação de vagas no setor público subiu em dez mil, após crescer em 45 mil em agosto. O ganho médio por hora trabalhada subiu US$ 0,07 no mês passado.

Mas, apesar da melhora do mercado de trabalho no mês passado, ainda há um longo percurso a ser percorrido até que o mercado de trabalho volte ao patamar pré-crise. Dos 8,8 milhões de empregos perdidos desde o início da crise financeira, apenas 4,3 milhões foram recuperados. Cerca de 12,1 milhões de americanos estavam desempregados em setembro, dos quais 40% estavam nessa situação há seis meses ou mais.

Considerando a subocupação - ou seja, pessoas que trabalham em meio período e gostariam de trabalhar mais e, ainda, quem parou de buscar uma vaga recentemente - a taxa de desemprego nos EUA chegaria a 14,7%.

"O relatório de emprego de hoje fornece mais evidências de que a economia dos EUA continua a se recuperar dos ferimentos provocados pela pior contração desde a Grande Depressão", disse ontem em comunicado o presidente do Conselho de Conselheiros Econômicos da Casa Branca, Alan Krueger.

Os bons sinais do mercado de trabalho se refletiram em alta das ações em Nova York. Mas no fim do pregão, Wall Street apagou os ganhos iniciais, com o Standard & Poor's 500 interrompendo um ciclo de quatro dias de alta, em meio às dúvidas dos investidores com a próxima temporada de divulgação de resultados corporativos. O Dow Jones subiu 0,26%; o S&P 500 caiu 0,03%; e o Nasdaq perdeu 0,42%. No anos, o S&P 500 ainda ganha 16,4%.