Título: Genoino deixa governo e diz não se envergonhar de nada
Autor: Farah, Tatiana ; Herdy, Thiago
Fonte: O Globo, 11/10/2012, País, p. 3
Ex-presidente do PT reclama de "injustiça monumental" e afirma que Corte errou por condená-lo "sem provas"
Tatiana Farah
SÃO PAULO Assessor especial do Ministério da Defesa, o ex-presidente do PT José Genoino anunciou ontem sua saída do governo. Muito nervoso e com as mãos trêmulas, Genoino leu para os jornalistas uma carta de duas páginas se defendendo da condenação do Supremo Tribunal Federal (STF) e afirmando que o julgamento do mensalão resultava na "criminalização da política".
Minutos depois, releu o documento na reunião do Diretório Nacional do PT. Ovacionado pelos participantes do encontro, o ex-presidente do PT chorou.
- Retiro-me do governo com a consciência dos inocentes. Não me envergonho de nada - disse Genoino, que afirmou estar "indignado": - Uma injustiça monumental foi cometida. A Corte errou. A Corte foi sobretudo injusta. Condenou um inocente. Condenou-me sem provas.
Na leitura de sua carta, chamada "Carta Aberta ao Brasil", o ex-deputado e ex-presidente do PT afirma por diversas vezes que foi condenado injustamente:
- Sem provas para me condenar, basearam-se nas circunstâncias de antigo presidente do PT. Isso é o suficiente? É o suficiente para fazerem tábua rasa de toda uma vida dedicada com grande sacrifício pessoal à causa da democracia e a um projeto político que vem libertando o Brasil da desigualdade e da injustiça.
O petista chamou de tirania da "hipótese preestabelecida" as teses que o condenaram:
- Este julgamento ocorre em meio a uma diuturna e sistemática campanha de ódio contra o meu partido e contra um projeto que incomoda setores reacionários, incrustados em parcelas dos meios de comunicação, do sistema de Justiça e das forças que nunca aceitaram a nossa vitória - disse.
O ex-presidente do PT disse que a condenação é a "criminalização da política":
- Como esperar um julgamento sereno no momento em que os juízes são pautados por comentaristas políticos?
Saudado pelos petistas no encontro do Diretório Nacional com o brado de "Genoino, guerreiro do povo brasileiro", o ex-presidente do PT chorou. Ele também ficou emocionado quando companheiros de partido falaram em sua defesa, lembrando diversos momentos de sua carreira política.
Genoino participou de toda a reunião do Diretório Nacional e da construção do texto final do partido.