Título: Em Tóquio, Brasil quer avanço na reforma do Fundo
Autor: Sarmento, Claudia
Fonte: O Globo, 11/10/2012, Economia, p. 29

Mantega terá apoio dos Brics, que pedem mais peso para emergentes. País ficaria entre os 10 maiores cotistas

O ministro da Fazenda, Guido Mantega, participa hoje da reunião do FMI em Tóquio, onde terá um encontro com os representantes dos Brics. O bloco das economias emergentes é o mais interessado na reforma de cotas do Fundo, aprovada em 2010, porém ainda não implementada. Com a reestruturação, Brasil, Rússia, China, Índia e África do Sul passarão a ter mais poder nas decisões da instituição.

As eleições americanas atrasaram a ratificação por parte dos EUA, que têm o maior percentual de cotas (em torno de 15%). A expectativa brasileira em Tóquio é avançar na discussão, para que a reforma só dependa de Washington.

- Fizemos muitos progressos nos últimos meses, e minha esperança é que, em Tóquio, possamos chegar perto da linha final das discussões - disse a diretora-gerente do FMI, Christine Lagarde, confirmando ser pouco provável a ratificação durante a reunião na capital japonesa.

As mudanças no sistema de governança do Fundo foram planejadas para refletir o peso de hoje dos emergentes na economia mundial. A instituição precisa se modernizar, mas há uma matemática complexa. Quanto maior a cota, maior o poder de voto e a contribuição de cada membro.

A reestruturação prevê que os emergentes ganhem 6% de cotas, chegando a 45%. O Brasil passaria a integrar, assim, o grupo dos dez maiores cotistas. A Europa perderia espaço.

- Os EUA não se opõem à reforma, pelo contrário. Mas o momento político atrasou a discussão - explicou uma fonte do governo brasileiro, que participa da reunião.

No encontro dos Brics, podem ser debatidos ainda detalhes da criação de um fundo comum, anunciado em junho, para proteger os emergentes do contágio da crise europeia. O mecanismo só deve entrar em vigor em abril de 2013.