Título: Chávez escolhe chanceler para ser seu novo vice-presidente
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Fonte: O Globo, 11/10/2012, Mundo, p. 37

Capriles confirma que concorrerá à reeleição como governador de Miranda

Três dias depois de sua quarta vitória nas urnas, Hugo Chávez anunciou ontem que o chanceler Nicolás Maduro será o novo vice-presidente, na primeira mudança no Gabinete após as eleições. Ele será o oitavo vice-presidente desde que o líder bolivariano chegou ao poder, mas o cargo ganhou destaque por conta do tratamento do presidente contra o câncer.

Maduro, considerado há longa data um dos mais próximos aliados de Chávez, esteve ao lado do presidente nos momentos mais críticos do tratamento, que levou o presidente a se afastar do país diversas vezes para se submeter a sessões de quimioterapia em Havana. A Constituição da Venezuela prevê que, se o presidente não puder cumprir os primeiros quatro anos de mandato, novo pleito é convocado. Se ele se ausentar depois disso, o vice-presidente assume.

O ex-motorista de ônibus e líder sindical de 49 anos se aproximou de Chávez quando estava na prisão por seu fracassado golpe de Estado em 1992. Maduro já ocupou diversos cargos no governo Chávez: foi deputado presidente da Assembleia Nacional e por fim, chanceler desde 2006, período em que o chavismo tentou aumentar sua influência sobre países vizinhos com iniciativas como a criação da Alba (Aliança Bolivariana para as Américas). É visto como mais moderado que Elías Jaua, que deixa a Vice-Presidência para disputar o governo de Miranda com o candidato derrotado à Presidência Henrique Capriles, nas eleições de dezembro.

"precisamos pensar no próximo jogo"

Capriles, que se licenciou do governo para concorrer ao Palácio Miraflores, confirmou ontem sua intenção de buscar a reeleição e disse que já deixou para trás a derrota nas urnas por dez pontos percentuais, o melhor desempenho da oposição em eleições presidenciais contra Chávez. A oposição controla hoje sete dos 23 estados do país e pretende aumentar este patamar.

- Perdemos um jogo. Mas agora, nós venezuelanos, precisamos pensar sobre o próximo - disse Capriles.

Na cerimônia que confirmou sua reeleição, Chávez anunciou, sem dar detalhes, a criação de uma Missão Mercosul, como parte de seu projeto para converter a Venezuela numa potência dentro do bloco - o presidente chama seus programas sociais de missões.

O coordenador nacional da campanha de Capriles, Leopoldo López, reconheceu a legitimidade da apuração.

- Os resultados são reais. Não são os esperados, mas são o que são, numa democracia às vezes se ganha, às vezes se perde - disse.

Mesmo assim, na maior favela da capital venezuelana, Petare, uma mesma cena se repetiu diversas vezes, como mostra vídeo feito pelo GLOBO. Após a identificação, os eleitores eram acompanhados por um mesário, presidente da mesa ou fiscal do Partido Socialista Unido da Venezuela (PSUV) até a cabine de votação. A justificativa era prestar auxílio.