Título: PMDB decide apoiar Haddad em troca de alianças pelo país
Autor: Uribe, Gustavo; Pereira, Paulo Celso
Fonte: O Globo, 10/10/2012, País, p. 13

Pacto em SP será formalizado hoje; em Salvador, peemedebistas reforçam oposição.

Com o aval da presidente Dilma Rousseff, o PT fechou ontem com o PMDB, do vice-presidente Michel Temer, o apoio à candidatura do ex-ministro Fernando Haddad a prefeito de São Paulo. Em troca, o PMDB cobra o apoio do aliado no segundo turno em capitais como Florianópolis, Campo Grande e Natal, além de Campina Grande (PB). O partido também quer prioridade do Palácio do Planalto na próxima reforma ministerial, que deve ficar para o início do próximo ano.

Na segunda-feira, Dilma acertou com Temer que, onde não houver conflitos com outros partidos da base aliada, PMDB e PT estarão juntos no segundo turno. Porém, peemedebistas já avisaram que farão oposição a candidatos petistas em Salvador e João Pessoa.

Dilma deve intensificar a sua participação nas campanhas eleitorais de siglas da base aliada, contanto que não haja conflitos com o PSB, do governador de Pernambuco, Eduardo Campos. O anúncio formal da aliança em São Paulo será feito hoje, após encontro de Michel Temer com lideranças estaduais e municipais do PMDB.

Em São Paulo, o PMDB quer o apoio do PT no Guarujá e em Sorocaba, municípios do interior paulista onde Lula, ex-presidente petista, comprometeu-se a gravar depoimento para o horário eleitoral. No encontro de ontem, além da capital paulista, Lula pediu o apoio do PMDB em Santo André e em Campinas, município onde PT e PSB se enfrentam no segundo turno.

Na capital paulista, Gabriel Chalita, quarto lugar na eleição do último domingo, pediu que cinco propostas de seu programa de governo sejam incorporadas ao projeto de Fernando Haddad: a criação da "Broadway Paulistana", a adoção de ensino em tempo integral, o estabelecimento das Unidades de Pronto Atendimento (UPAs), a construção de corredores expressos de ônibus e a criação do Poupatempo da Pessoa Jurídica. Em evento na Zona Sul, ontem, Fernando Haddad disse que as negociações com o PMDB estão "bem encaminhadas".

- Nós vamos aguardar uma conversa com os dirigentes do PMDB em São Paulo para acompanharmos as tratativas em torno dessa questão. A aproximação será programática - afirmou o petista.

raupp: Geddel vai entregar cargo na CEF

Em entrevista coletiva, o presidente do PMDB, senador Valdir Raupp (RO), deu como certa a já prevista aliança com o PT em São Paulo, mas negou negociação de um ministério para o candidato derrotado Gabriel Chalita:

- Dilma já disse que o espaço do PMDB é subdimensionado no governo, mas não é hora de falar sobre isso. Essa é uma questão que não deve ser tratada agora.

Em São Paulo, Lula e Temer discutiram o cenário em Salvador, capital que tem representado um entrave para um acordo nacional entre as duas siglas. Geddel Vieira Lima, vice-presidente da Caixa Econômica, quer apoiar o candidato ACM Neto, do DEM. Na segunda-feira, Michel Temer telefonou três vezes para o líder do PMDB na Bahia, na tentativa de convencê-lo a apoiar Nelson Pelegrino, do PT.

- Conversei com Lúcio (Vieira Lima, presidente estadual), com Geddel e há uma tendência muito forte de um fechamento com o ACM Neto - explicou Valdir Raupp.

Lúcio Vieira Lima tentou desconversar:

- Jamais tratei do tema sucessão em Salvador com o presidente Raupp. Realmente não sei de onde ele tirou isso.

Raupp afirmou ainda que a tendência é que Geddel, ex-ministro e hoje um dos vice-presidentes da Caixa Econômica Federal, deixe o cargo tão logo sacramente o apoio a Neto.