Título: Serra atrai 3 partidos e ironiza condenação de Dirceu no STF
Autor: Voitch, Guilherme; Uribe, Gustavo
Fonte: O Globo, 10/10/2012, País, p. 15

PMDB e PSDB perdem prefeituras, mas continuam com mais cidades; PSB cresce no Nordeste; PSD, no Norte

Os resultados parciais das eleições municipais revelaram que o PMDB, mesmo em queda, segue sendo o maior partido em número de prefeituras, ao passo que PSB e PT foram as legendas que mais avançaram. O balanço final de perdedores e vencedores, no entanto, ainda depende do resultado de 50 cidades - São Paulo entre elas- que, por sua importância econômica e grandeza, podem alterar análises sobre vencedores e vencidos. Cruzamentos feitos pelo GLOBO mostram que estão em jogo ainda municípios onde vivem 45 milhões de pessoas (um quarto da população) que, somadas, tem um PIB de pouco mais de R$ 1 trilhão, um terço das riquezas do país.

Considerando os resultados das urnas no primeiro turno destas eleições, O GLOBO fez uma distribuição das prefeituras e dos votos por partido no país, e comparou com fatores como número de habitantes, PIB e índices de gestão municipal. Além da situação de legendas tradicionais, a distribuição desses dados aponta mudanças no cenário como o crescimento do PSB em municípios menos desenvolvidos e do PSD em cidades menores.

Em 2012, comparando-se com a última eleição municipal, o PMDB perdeu cidades, mas ainda é o partido com mais prefeituras no país, e tem presença espalhada ao longo das regiões. Em segundo lugar também caiu, mas se mantém forte no Sudeste (principalmente São Paulo e Minas), ficando fraco no Nordeste. O PT, em ascendência, tem presença no Nordeste, no Norte e no Centro-Oeste. Já o PSD, que em sua estreia em pleitos municipais conquistou 493 cidades, está concentrado principalmente no Norte e Nordeste. Outro partido com forte crescimento, o PSB mostra sua força principalmente no Nordeste.

Quando é visto o número de habitantes das cidades, o PMDB passa a governar, em 2013, cidades que comportam cerca de 28,2 milhões de pessoas; o PT, 21,6 milhões; o PSDB, 18,8 milhões; e o PSB, 15 milhões. Se o PSD é o quarto em número de prefeituras, aqui ele é, porém, o quinto, passando a administrar uma população de 10,2 milhões - o que mostra que seu crescimento ocorre em cidades menores.

- Está havendo uma reconfiguração partidária no nível local no país. Partidos de direita tradicional tendem a minguar, e uma parcela dela está indo para o PSD, que, com todo esse volume de prefeituras mesmo tendo acabado de ser criado, está mostrando que o voto no país, tradicionalmente, é mais personalista que partidário - afirma Marcelo Simas, cientista político do Iuperj/Candido Mendes que analisou os dados a pedido do GLOBO.

- Do outro lado, o PSB se torna uma alternativa da esquerda, e que não está ligada à imagem do mensalão. É forte no Nordeste, e o fato de ter ficado com prefeituras com baixo índice de gestão fiscal (abaixo de 0,5 no Índice de Gestão Fiscal da Firjan, enquanto os outros principais partidos ficaram com municípios com índices acima de 0,5) mostra que está crescendo em cidades com menor capacidade administrativa - completa.