Título: Eleitor de Petrópolis ignora que candidato vai para o 2º turno
Autor: Onofre, Renato
Fonte: O Globo, 16/10/2012, País, p. 7
Nova decisão judicial tira Bomtempo e põe Mustrangi na disputa com Rossi
Uma nuvem de incerteza paira sobre a cabeça do eleitor de Petrópolis, na Região Serrana do Rio. A guerra judicial em que se transformou o segundo turno das eleições no município confundiu o petropolitano que, a menos de duas semanas de voltar às urnas, não sabe ainda quem será o adversário do deputado estadual Bernardo Rossi (PMDB) na disputa: Paulo Mustrangi (PT) ou Rubens Bomtempo (PSB).
No sábado, a desembargadora Letícia Sardas concedeu liminar a um mandado de segurança impetrado pela coligação "Juntos para mudar Petrópolis", encabeçada pelo PMDB, que solicitou a impugnação da candidatura de Bomtempo para o segundo turno. A decisão pôs na disputa o atual prefeito, Paulo Mustrangi, que ficou em terceiro lugar no primeiro turno. O socialista, enquadrado na Lei da Ficha Limpa, teve sua candidatura rejeitada pelo Tribunal Regional Eleitoral (TRE) em setembro, mas no último dia 10 conseguira na Justiça Eleitoral de Petrópolis a computação dos votos, que o colocou em segundo lugar no primeiro turno, até que o recurso seja julgado pelo Tribunal Superior Eleitoral (TSE). A decisão da desembargadora suspendeu a anterior.
incerteza nas ruas
Nas ruas de Petrópolis, a dúvida se transforma em indignação.
- Como um juiz toma uma decisão e, logo em seguida, tudo muda de novo? Qual é a garantia que eu vou ter em depositar meu voto nas urnas? - indagou a universitária Paula Tavares.
O imbróglio jurídico favoreceu Bernardo Rossi (PMDB) - primeiro lugar nas urnas no dia 7 -, que foi o único a fazer campanha nas ruas nos últimos dias. Ontem, ele passou o dia visitando comunidades e negociando apoios políticos. O peemedebista disse que a decisão de entrar com uma liminar pedindo a impugnação de Bomtempo não foi política, mas que a cidade não poderia ter na disputa um candidato ficha-suja.
- Nós questionamos a justiça para saber qual é o nosso concorrente. Nosso maior medo é que tenha uma nova eleição. Eu não quero concorrer com um adversário que amanhã vai estar cassado. Não estou fazendo tudo isso à toa - disse Rossi, negando que prefira enfrentar Mustrangi.
campanha de um candidato só
O pedido de liminar conseguido pelo peemedebista causou surpresa até mesmo no principal beneficiário: Paulo Mustrangi. O petista afirmou que ainda não teve como colocar a campanha nas ruas, já que estava proibido de pedir voto desde o dia 10.
- Isso só foi bom para ele, único a fazer campanha. Esse impasse jurídico causou um hiato nas eleições de Petrópolis. Nem eu nem meu adversário (Bomtempo) pedimos voto neste segundo turno. Vamos analisar juridicamente se pedimos ou não o adiamento da eleição. Agora, é correr atrás do prejuízo - afirma Mustrangi.
Em nota, o Bomtempo disse que ficou surpreso com a aceitação do mandado de segurança impetrado pelo PMDB pedindo a retificação da ata da eleição: "É mais uma tentativa desesperada para impedir que o povo petropolitano tenha o direito de escolher nas urnas o próximo prefeito. O candidato do PMDB não quer ir a debates, não quer programa de TV e agora faz de tudo para ir para o segundo turno sozinho. Vou aguardar com tranquilidade a decisão soberana do TSE".