Título: Valdemar Costa Neto, condenado, diz que vai à OEA
Autor: Brígido, Carolina
Fonte: O Globo, 03/10/2012, O País, p. 3
Apesar do STF, deputado alega ter cometido apenas um crime, o de caixa dois
BRASÍLIA Um dia depois da confirmação de sua condenação por três crimes no STF, o deputado Valdemar Costa Neto (PR-SP) disse ter sido considerado culpado pelo crime errado. O parlamentar, que na época do mensalão era líder do então PL, anunciou que recorrerá da decisão à Comissão Interamericana de Direitos Humanos da Organização dos Estados Americanos (OEA). Vai alegar que teve cerceado seu direito de defesa no Brasil.
- Não sou inocente, mas também nunca vivi de lavagem de dinheiro, de corrupção ou de formação de quadrilha. Fui condenado pelo crime errado, como, certamente, ficará provado com a garantia do direito ao duplo grau de jurisdição - disse Valdemar, referindo-se aos três crimes pelos quais o STF o condenou.
- Não me apresento aqui como aquele inocente destituído de toda e qualquer culpa. Desde a primeira hora eu reconheço meus erros, por meio de confissão quando renunciei ao meu mandato (em 2005) - afirmou, dizendo que o que cometeu foi caixa dois.
O advogado de Valdemar, Marcelo Bessa, explicou que seu cliente ainda recorrerá da decisão no próprio tribunal. Ele irá apresentar embargos declaratórios após a publicação da sentença.
- Não vim aqui reclamar minha inocência, mas para dizer que apelarei até as últimas instâncias do planeta para garantir o inviolável direito de uma defesa que seja examinada em dois julgamentos - completou o parlamentar.
Sobre a hipótese de ser preso, disse:
- Não conto com essa hipótese de jeito nenhum. Vou ganhar isso aí.
O deputado deu sua versão sobre o acordo com o PT. Ele concedeu entrevista ontem ao lado da reprodução de uma matéria, de junho de 2002, que anunciava o acordo financeiro do PT com o então PL. A reportagem, que estava emoldurada, dizia que o acordo era de repasse de R$ 10 milhões para o PL. Essa foi a quantia que Valdemar recebeu a partir de saques feitos na agência do Banco Rural em Brasília.
- Quando chegou na hora de o Delúbio (tesoureiro do PT à época) me pagar, ele disse que não tinha dinheiro. "Já gastei por conta". Pelo menos me paga a doação do José Alencar, disse a ele. Também me disse que não tinha condição e falou para eu pegar emprestado e que pagaria depois da eleição com o fundo partidário do PT.