Título: Profissional dedica tempo exclusivo ao governo
Autor: Sassine, Vinicius
Fonte: O Globo, 14/10/2012, País, p. 7

Parceria com socialista vem desde campanha vitoriosa de 2006

A parceria com o governador de Pernambuco, Eduardo Campos, que iria desembocar em uma amizade, fez o argentino Diego Brandy se mudar da Bahia - onde prestou serviços ao petista Jaques Wagner - para Pernambuco. Estabeleceu-se em Recife definitivamente em 2006, ano da primeira eleição de Eduardo Campos ao governo do estado, quando fez pesquisas internas para mapear as intenções de voto dos eleitores desde a pré-campanha. A partir daí, a parceria não parou mais.

O argentino fez sondagens para o PSB em 2008, analisou a popularidade de Eduardo Campos no governo estadual, elaborou avaliações de gestão, cuidou das pesquisas internas em 2010 e assumiu o marketing da campanha de Geraldo Júlio neste ano. A pessoas próximas, Diego costuma dizer que sabe separar os serviços prestados às campanhas, ao partido e ao governo. Quando envolve dinheiro público, afirma, só participa por meio de concorrências públicas.

O argentino tem uma atuação discreta, praticamente não conversa com a imprensa e evita aparecer em público com o governador. Com a eleição em primeiro turno de Geraldo Júlio, compareceu à festa de comemoração.

Diego preparou o discurso

Nos últimos 15 dias de campanha, a equipe do argentino ouvia 600 recifenses diariamente, para elaborar os trackings que determinavam posteriormente os posicionamentos do candidato e do próprio governador, pai da candidatura. Diego cuidou do discurso de Geraldo Júlio, da postura, inundou as ruas de Recife de cavaletes e santinhos. Não à-toa, a campanha do candidato de Eduardo foi a mais cara da disputa.

O marqueteiro, hoje, dedica-se quase que exclusivamente a serviços direcionados ao governador. Eles se falam com frequência. Eduardo Campos tem o hábito de reproduzir os conceitos adotados por Diego. No dia da votação, por exemplo, criticou as pesquisas eleitorais, registradas na Justiça Eleitoral, que indicavam uma possibilidade de segundo turno em Recife.

- Os pesquisadores vão a pontos de fluxo, e não à casa das pessoas - afirmava.

Ele estava amparado nos levantamentos - cujos preços não são revelados - de seu guru argentino. Diego costuma dizer que só faz pesquisa nas casas dos eleitores e não em pontos de fluxo. O marqueteiro errou a proporção de votos válidos obtidos por Geraldo Júlio - 51,15%, e não os 55% previstos -, mas, por uma pequena diferença, a certeza do governador foi confirmada na noite de domingo.