Título: Bernanke defende política do Fed em reação a críticas de Mantega
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Fonte: O Globo, 15/10/2012, Economia, p. 16
Para presidente do BC americano, recuperação do país ajudará mundo
O presidente do Federal Reserve (Fed, o banco central americano), Ben Bernanke, rebateu ontem as críticas do ministro da Fazenda brasileiro, Guido Mantega, ao defender as políticas de afrouxamento monetário que o Fed vem adotando para estimular a economia. Na sexta-feira, durante a reunião do Fundo Monetário Internacional (FMI) na capital japonesa, Mantega criticou as medidas, dizendo que podem elevar a inflação nos emergentes e estimular um fluxo desestabilizante de capital especulativo para essas nações. Sem citar o ministro brasileiro, Bernanke disse que uma expansão maior nos EUA melhora as perspectivas mundiais.
- Não está claro, absolutamente, que políticas acomodativas em economias avançadas imponham custos líquidos em mercados emergentes - disse Bernanke em um evento patrocinado pelo Banco do Japão e o FMI. Embora o discurso tenha sido feito numa reunião privada, o Fed entregou uma cópia à mídia.
Críticos, que além do Brasil incluem Rússia e China, dizem que as políticas não ortodoxas do Fed enfraquecem o dólar americano e valorizam as moedas de países em desenvolvimento, atingindo sua competitividade no comércio internacional de forma desleal.
Em sua reunião de setembro, o Fed anunciou que estava lançando um novo programa mensal de compra de títulos lastreados em hipotecas de US$ 40 bilhões, até que o mercado de trabalho americano e o setor imobiliário apresentem uma melhora substancial.
- Esta política não só ajuda a recuperação da economia americana, mas, ao aumentar o crescimento e o gasto dos EUA, tem o efeito de ajudar a apoiar também a economia mundial - disse Bernanke.
política "egoísta"
Na sexta-feira, Mantega disse aos 188 países membros do FMI que a política do Fed é "egoísta" e prejudica mercados emergentes porque, ao mesmo tempo, rouba sua fatia de exportações e desestabiliza os fluxos de capital e movimentos de moedas:
- Países avançados não podem contar com as exportações como seu jeito de sair da crise à custa das economias de mercado emergentes.
Presente à mesma reunião em que Bernanke se pronunciou, a diretora-gerente do FMI, Christine Lagarde, disse que as medidas agressivas do Fed, do Banco Central Europeu e do Banco do Japão seguem "na direção certa", mas reconheceu que há riscos:
- Políticas monetárias acomodativas vão dar origem a grandes fluxos de capital volátil para economias emergentes. Isso poderia levar a superaquecimento (econômico), bolhas de preços de ativos e desequilíbrios financeiros.