Título: Temos projetos estruturantes, uma visão global
Autor: Batista, Henrique Gomes; Nogueira, Danielle
Fonte: O Globo, 15/10/2012, Desafios Brasileiros, p. 7

Para o presidente da EPL, ações do governo vão reduzir custos e permitir mais investimentos em logística no Brasil

O presidente da Empresa de Planejamento e Logística (EPL), Bernardo Figueiredo, está otimista: acha que, agora, o país resolverá seu problema de infraestrutura logística. Ele está confiante de que, com os pacotes do governo na área de transportes, os investimentos federais no setor, hoje em torno de R$ 20 bilhões ao ano, poderão atingir o patamar de R$ 70 bilhões. Para Figueiredo, o setor privado vai participar dos investimentos e liderá-los.

Os pacotes de investimentos em transporte anunciados pelo governo vão melhorar de fato a competitividade do país?

A ideia é essa. Estamos trabalhando com um conjunto de ações para isso. Quando propomos duplicar rodovias, por exemplo, vamos garantir que os caminhões tenham mais velocidade e mais segurança. Assim, um caminhão que fazia duas viagens por mês pode passar a fazer três, reduzindo os custos fixos. No caso da ferrovia isso é ainda mais agressivo, você não gera só uma alternativa logística, mas um ganho direto de competitividade. Pelo modelo que criamos, vamos ter novas ferrovias com um custo muito menor, pois o governo garante a carga, o que dá segurança ao investidor. Ele vai investir sabendo que haverá plena utilização de sua ferrovia, por isso pode cobrar barato dos usuários, que serão muitos. São três pontos fundamentais. Primeiro, vamos ter novas ferrovias. Segundo, vamos ter novas ferrovias com custo fixo bem baixo. E, terceiro, vamos ter novas ferrovias com custo fixo bem baixo e com um número aberto de fornecedores de serviço de transporte.

O setor privado vai liderar esse investimento?

Sim, com certeza. E o governo vai financiar esse investimento, dando apoio, além de auxiliar na formulação de bons projetos.

Mas o governo tem condições de fazer frente a esse aumento de financiamento que pode haver se os investimentos crescerem dessa maneira?

O BNDES está se preparando para isso, para estar de acordo com o indicado pelo governo para esses investimentos. Hoje, o orçamento do Ministério dos Transportes para investimentos está em torno de R$ 20 bilhões. Vamos dobrar isso com os recursos privados. Acredito que ficaremos entre R$ 40 bilhões e R$ 50 bilhões por ano em um primeiro momento e, depois, alcançaremos o patamar de R$ 70 bilhões. Assim, conseguiremos zerar o déficit do setor, que é estimado em algo entre R$ 300 bilhões e R$ 400 bilhões. Depois disso, seguimos com voo de cruzeiro. E as empresas terão outras formas de financiamento, como debêntures.

Quando sairá o pacote para portos e aeroportos?

Estamos trabalhando para que ele seja divulgado ainda este mês, mas é uma questão de governo.

A realidade do país mudará com esses pacotes?

Achamos que sim. Haverá uma atração de investimentos. Mas estamos tratando de um processo, não de um evento específico, uma obra. Esse processo qualifica, temos projetos estruturantes, uma visão global.