Título: Garotinho é absolvido no STF por compra de votos
Autor: Gois, Chico de
Fonte: O Globo, 18/10/2012, País, p. 6
Decisão foi tomada em meio à discussão entre Gilmar e Lewandowski
Em meio a um bate-boca entre os ministros Ricardo Lewandowski e Gilmar Mendes, o Supremo Tribunal Federal (STF) rejeitou ontem por seis votos a um denúncia contra o deputado Anthony Garotinho (PR-RJ), acusado de envolvimento na compra de votos durante a eleição de 2004 em Campos, quando Geraldo Pudim era o candidato. Os ministros, por ampla maioria - foi voto vencido a relatora Rosa Weber - concluíram que não há provas do envolvimento do deputado na suposta fraude.
Para os ministros, o fato de Garotinho ser presidente regional do PMDB à época não comprova que ele teve conhecimento de esquemas irregulares, como asseverava o Ministério Público.
Lewandowski e Gilmar desentenderam-se durante a votação ao discutir se o processo deveria ser desmembrado. Apenas Garotinho tinha direito a foro privilegiado pelo fato de ser deputado federal. Lewandowski afirmou que as pessoas que não tinham esse benefício deveriam responder às acusações em primeira instância e, assim, garantir, se fosse o caso, direito à revisão do processo. Gilmar e outros quatro ministros discordaram. Para embasar seu voto, Gilmar observou que Lewandowski, em situação semelhante, em outra ocasião, votara pelo não desmembramento. Foi o suficiente para o ministro se irritar.
- Se Vossa Excelência insistir em me corrigir, porque eu não sou aluno de Vossa Excelência, eu não vou admitir nenhuma vez mais, senão vamos travar uma comparação de votos - disse Lewandowski.
Gilmar retrucou:
- Vossa Excelência pode fazer a comparação que quiser. E Vossa Excelência não vai me impedir de me manifestar no plenário em relação a pontos que estamos em divergência.
ayres britto tenta acalmar
Lewandowski declarou que era a segunda vez, em 15 dias, que Gilmar o questionava sobre seu jeito de votar.
- É a segunda vez que Vossa Excelência faz, em menos de 15 dias. Eu não sou aluno de Vossa Excelência. Sou professor na mesma categoria- continuou Lewandowski.
- Vossa Excelência faz como quiser. O que está sendo dito aqui é que há decisões tomadas. Vossa Excelência está se revelando muito sensível. A tradição indica que devemos ter o hábito de conviver com críticas - disse Gilmar.
O presidente do STF, Carlos Ayres Brito, tentou contemporizar:
- Aqui ninguém diminui ninguém intelectualmente.