Título: Haddad: condenações no STF servem à depuração política
Autor: Uribe, Gustavo; Voicth, Guilherme
Fonte: O Globo, 18/10/2012, País, p. 10

Candidato do PT diz que não cabe contestar veredicto do mensalão

O candidato do PT à prefeitura de São Paulo, Fernando Haddad, concordou ontem com a avaliação de que as condenações no processo do mensalão têm que ser vistas como uma depuração política e ressaltou que, uma vez que se trata de uma decisão de última instância, não cabe contestação. Em entrevista à rádio CBN, o ex-ministro ressaltou que o funcionamento do Supremo Tribunal Federal (STF) não pode ser colocado em jogo. Segundo ele, o processo do mensalão deve ir até o fim, sem que haja o ditado "aos amigos, tudo, aos inimigos, a lei".

A opinião do candidato petista diverge da expressada por lideranças do PT, que têm acusado o STF de fazer um julgamento político e pregado nos bastidores que o partido recorra à Organização dos Estados Americanos (OEA). Em carta, divulgada na semana passada, o ex-ministro da Casa Civil José Dirceu alegou que foi julgado sem provas, por um juízo de "exceção".

- Se as instituições funcionam, como estão funcionando, não cabe contestação. Se julgou, puniu, é a última instância e não cabe recurso, cumpre a decisão - afirmou na entrevista à CBN. E acrescentou:

- (As condenações) têm de ser vistas assim (como depuração política), porque é decisão de última instância, não cabe recurso.

Mais tarde, o candidato do PT afirmou que, ao declarar ter votado em candidatos petistas nas últimas eleições, o ministro Joaquim Barbosa, relator do mensalão, sinaliza que ele compreendeu que o governo federal fez todo o esforço para chegar à conclusão do processo. Segundo ele, é um direito do PT manifestar discordância em relação a uma decisão de um poder independente, mas não se pode desrespeitar a instituição.

sindicalistas apoiam Haddad

O candidato do PT recebeu ontem o apoio de representantes das seis maiores centrais sindicais do país. Em discurso, acusou o PSDB de tratar São Paulo como se fosse uma "propriedade privada" e afirmou que chegou a hora de "libertar a cidade do julgo dos tucanos". No evento, ele recebeu o apoio do ministro do Trabalho, Brizola Neto, que fez críticas ao governo de Fernando Henrique Cardoso e disse que já passou a vez dos tucanos.

- Esses, que ousam querer reconquistar o governo federal usando mais uma vez a prefeitura, quando estiveram à frente do governo federal produziram um país que não gerava emprego e desenvolvimento - afirmou o ministro de Dilma.

A pedido da CBN, o candidato do PT assinou ontem documento no qual se compromete a cumprir todo o mandato, caso seja eleito. Serra, que concedeu entrevista à rádio na terça, recusou-se a assinar o documento. Em 2004, o tucano firmou o compromisso, mas deixou a prefeitura para se candidatar a governador em 2006.