Título: Pressão estrangeira contra Código Florestal
Autor: Milhorance, Flávia
Fonte: O Globo, 18/10/2012, Ciência, p. 44
"Vale a pena desmatar", critica WWF sobre a lei
Às vésperas de a presidente Dilma Rousseff decidir sobre os vetos de alguns pontos do Novo Código Florestal Brasileiro, o tema entrou em debate e foi duramente criticado por entidades internacionais durante o painel sobre proteção e restauração das florestas do mundo no Simpósio Econômico Global (GES), realizado até ontem no Rio de Janeiro. A "permissão do governo para desmatar" foi o principal argumento utilizado pelo superintendente de Políticas Públicas da ONG WWF, Jean-François Timmer.
- O código está dando uma mensagem clara: vale a pena desmatar. Isto porque se não se segue a lei, é possível modificá-la. E na próxima vez, é possível mudar a lei novamente. Estamos preocupados com os efeitos a longo prazo do código - ressaltou Timmer, apontando a diminuição da proteção das fontes de água, sobretudo as margens de rios, como uma das consequências negativas da nova regulamentação.
Da mesma forma, Roberto Waak, membro do conselho de administração do Forest Stewardship Council, chegou a elogiar os avanços do governo federal em meio ambiente, mas também se posicionou contrário à reforma da lei.
- O Código Florestal reduz o valor da floresta - acusou Waak. - O governo está tendo um enorme avanço, nunca antes atingido, mas ainda existe um valor da floresta tropical brasileira baseado mais em degradação, desmatamento, ilegalidade e impunidade - disse.
Por outro lado, único representante do governo brasileiro, o diretor de Políticas de Combate ao Desmatamento do Ministério do Meio Ambiente (MMA), Francisco José Barbosa, disse preferir "ver o lado bom" do novo código:
- O cadastro ambiental rural, que é uma forma de sabermos ao certo quem é o dono de cada terra, é uma enorme oportunidade de monitorar especialmente a região da Amazônia - exemplificou Barbosa.
Ele ainda salientou a queda do desmatamento na Amazônia. Este mês, o MMA divulgou dados do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe) apontando para a redução de 45,9% do desmatamento em setembro contra agosto de 2012, quando foi registrado um aumento de 140% .