Título: Justiça condena empresários que abasteciam conta de Duda
Autor: Castro, Juliana
Fonte: O Globo, 19/10/2012, País, p. 6
Réus abriram conta bancária que repassou dinheiro ao publicitário no exterior.
mensalão que está sendo julgado no Supremo Tribunal Federal (STF), a 4ª Vara da Justiça Federal em Minas Gerais condenou dois empresários por fazerem remessas a uma conta do publicitário Duda Mendonça no exterior. Glauco Diniz e Alexandre Vianna Aguilar foram condenados a 10 anos e seis meses de prisão, em regime fechado, por evasão de divisas e lavagem de dinheiro.
Segundo a ação, os réus criaram nos Estados Unidos a casa bancária GD International Corporation, que funcionou de 1999 a 2003. De acordo com o processo, abriram conta-corrente no BAC Florida Bank em nome da empresa e realizavam operações sem a devida declaração aos órgãos brasileiros competentes. Por meio dela, os réus efetuaram remessas para outra conta, a da offshore Dusseldorf Company, de Duda Mendonça. Segundo a sentença, as transferências foram ordenadas por Marcos Valério e estão relacionadas ao pagamento de dívidas de serviços prestados por Duda Mendonça ao PT durante campanha eleitoral. No processo do mensalão, Valério foi condenado por quatro crimes, e Duda, absolvido das acusações de evasão de divisas e lavagem de dinheiro.
SETE REPASSES DE US$ 427,3 MIL PARA CONTA
Na denúncia, o Ministério Público Federal em Minas informou que a conta da empresa dos réus fez sete repasses, num total de US$ 427,3 mil, para a Dusseldorf. O MP divulgou que foi detectado que "ao menos 35 dos 40 depósitos de dólares na respectiva conta tiveram como origem recursos sacados na "boca do caixa" do Banco Rural, havendo uma coincidência perfeita entre as datas e os valores dos saques e as remessas ao exterior". O advogado dos dois réus, Hermes Vilchez Guerrero, afirmou que não teve acesso à sentença, mas vai recorrer da decisão:
— Eles não tinham como saber que a conta Dusseldorf pertencia a Duda Mendonça.
Glauco Diniz era diretor financeiro da Câmara de Dirigentes Lojistas (CDL) de Belo Horizonte quando foi firmado um contrato — na gestão do então prefeito Fernando Pimentel (PT), atual ministro do Desenvolvimento — do Projeto Olho Vivo, que consistiu na implantação de sistema de vigilância na capital mineira. O convênio de R$ 14,7 milhões foi cancelado quando vieram à tona denúncias de irregularidades. O episódio resultou num processo em que Pimentel figura como réu. A ação está no STF porque o ministro tem foro privilegiado.