Título: PT e PSB longe do ¿sim
Autor: Pariz, Tiago
Fonte: Correio Braziliense, 06/10/2009, Política, p. 5

Petistas paulistas não fecham as portas, mas relutam em abrir mão da candidatura própria ao governo estadual em favor de Ciro Gomes, como gostaria o presidente Lula

Para Marta Suplicy, Ciro não tem intimidade com São Paulo para sair candidato ao Palácio dos Bandeirantes

Enquanto o deputado Ciro Gomes (PSB-CE) flerta com a possibilidade de se lançar à Presidência da República, o PT de São Paulo promete dificultar a vida do presidente Luiz Inácio Lula da Silva e insistir na tese de que é preciso lançar um candidato próprio ao governo estadual. A ex-prefeita paulistana Marta Suplicy, um dos principais nomes da legenda no estado, jogou água na hipótese de um acordo com o PSB. E foi sucinta ao desconsiderar Ciro como candidato a governador. ¿Ele não tem nada a ver com São Paulo¿, resumiu a ex-ministra do Turismo.

Em reunião, ontem, os dirigentes estaduais do partido decidiram não selar as portas para um acordo com o PSB, mas ficou acertado que a partir de 1º de novembro terá início a escolha dos pré-candidatos petistas. As diversas alas da legenda apresentarão os nomes dos concorrentes à direção estadual: o preferido será aclamado. Esse processo facilita a escolha do ex-ministro da Fazenda Antonio Palocci, já que ele conta com apoio de grupos majoritários, como o da ex-prefeita, que na capital é o mais forte.

O prefeito de Osasco, Emídio de Souza, outro pré-candidato, argumentou que a legenda não pode ficar a reboque da vontade do PSB. ¿O PT tem que lançar candidato próprio e fazer essa escolha até o fim do ano. Um partido como o PT não pode ficar nesse estado de letargia¿, afirmou Souza. Para ele, o PSB também não facilita o acordo ao ter, além de Ciro Gomes, o presidente da Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp), Paulo Skaf, como pretendente ao Palácio dos Bandeirantes. ¿Nós não podemos esperar o Ciro até abril do ano que vem para lançar um candidato. Assim, ficaríamos para trás¿, disse o prefeito de Osasco.

Para não tomar uma decisão alheia às pretensões do presidente Lula, os caciques paulistas decidiram que, depois do processo interno, o indicado ou os indicados serão apresentados aos aliados. ¿O PT vai apresentar os nomes para as legendas parceiras avaliarem e decidirem conjuntamente qual é o melhor para disputar o governo¿, disse o líder do partido na Câmara dos Deputados, Cândido Vaccarezza. Ele criticou a posição dos correligionários que descartaram de antemão a aliança com o PSB.

Cenário O presidente estadual da legenda, Edinho Silva, disse que a opção pela escolha de um nome próprio tem apoio até dos defensores de aliança com Ciro. ¿Mesmo aqueles que são pró-Ciro entendem que o PT não pode deixar de ter um nome, mesmo que seja para negociar com o PSB¿, afirmou. A estratégia pressiona o deputado pelo Ceará que, após trocar o título de eleitor para São Paulo, disse que só decidirá em abril de 2010 qual cargo disputará. Os paulistas querem marcar reunião com Lula para discutir o cenário para o estado e ponderar que não podem ficar no aguardo. Além de Palocci e Souza, aparecem como pré-candidatos o ministro da Educação Fernando Haddad, o ex-presidente da Câmara Arlindo Chinaglia e o senador Eduardo Suplicy.

Marina se basta

Juliana Cipriani

Paulo H. Carvalho/CB/D.A Press - 19/8/09

A senadora Marina Silva (PV), pré-candidata à Presidência da República, desdenhou ontem as eventuais alianças partidárias como arma para fortalecer seu palanque em 2010. No dia em que teve intensa agenda em Ipatinga, no Vale do Aço mineiro, incluindo encontro com lideranças religiosas e palestras para estudantes, a parlamentar disse querer buscar diretamente o povo e que vê muita ansiedade dos outros pelas alianças.

¿Há um cálculo que muitas vezes é feito na política pelo qual as pessoas acham que basta conversar com os supostos donos dos votos e os votos vêm. Defendo que as pessoas se libertem dessa visão patrimonialista e comecem a conversar diretamente com as pessoas e as pessoas possam se sentir livres para votar naquilo que acreditam, no que acham que é melhor para o Brasil e para o planeta¿, afirmou Marina Silva.

Ao desembarcar em Belo Horizonte, de onde seguiu para Ipatinga, a senadora foi recebida com festa por vários líderes verdes locais e causou estranhamento a algumas pessoas que estavam no Aeroporto da Pampulha, que perguntavam quem era ¿a celebridade da vez¿. Indagada sobre a falta de candidatura própria do PV em Minas, Marina disse que o partido trabalha para ter palanques nos estados, mas reconheceu que existem realidades diferenciadas. Em Minas, o partido apoiará o candidato do governador Aécio Neves (PSDB). ¿Eu espero que a melhor aliança seja com a sociedade: jovens, mulheres, homens, empresários, cientistas, enfim, com as pessoas de um modo geral¿, afirmou.

Sustentabilidade A senadora negou que a visita a Ipatinga tenha caráter de campanha e afirmou que terá novas viagens na agenda para debater a sustentabilidade. ¿É o que tenho feito nos últimos 15 anos.¿ Marina disse participar do processo de restruturação do partido e de sua revisão programática. Sobre o fato de o PV ter integrantes com ficha suja e enfrentando problemas com a Justiça Eleitoral, ela disse que o partido vai enfrentar as questões. ¿Não temos porque agir por conveniência. Acho que todos os partidos devem enfrentar os problemas de frente. E nem devemos usar os problemas dos outros partidos para justificar os nossos¿, afirmou.

Não temos porque agir por conveniência nem devemos usar os problemas dos outros partidos para justificar os nossos¿