Título: Relator venceu 70% dos embates com revisor
Autor: Souza, André de
Fonte: O Globo, 24/10/2012, País, p. 7

Barbosa e Lewandowski discordaram em 54 ocasiões do julgamento.

Em quase três meses de mensalão, os ministros do Supremo julgaram 112 condutas criminosas distribuídas por 37 réus. Em 54 delas, o relator Joaquim Barbosa e o revisor Ricardo Lewandowski discordaram. Na grande maioria dos casos - 38, ou 70,37% - Barbosa saiu vitorioso, e o Supremo decidiu pela condenação.

Em outros nove casos (6,67%), a maioria dos ministros seguiu Lewandowski, e o resultado foi a absolvição. Em sete, ou 12,96% do total, deu empate. Como o Supremo entendeu que, nesses casos, prevalece a posição mais favorável ao réu, o resultado também foi a absolvição, elevando para 29,63% a taxa de sucesso de Lewandowski.

Barbosa foi quem mais condenou: 96 em 112 vezes (85,71% do total). Nos 16 casos em que pediu a absolvição, o réu foi inocentado. Lewandowski foi quem mais absolveu: 72 vezes (62,5%). O único outro ministro que absolveu mais do que condenou foi Dias Toffoli: 61 a 51. Quanto aos demais, a taxa de condenação variou de 83,04% (Fux) a 55,36% (Rosa Weber).

As 54 ocasiões em que Barbosa e Lewandowski discordaram representam 48,21% dos votos. Foi a mais alta taxa de discordância entre dois ministros da Corte. No extremo oposto estão Ayres Britto e Celso de Mello: concordância em 99,11% dos casos.

Eles discordaram uma única vez, no começo do julgamento: Ayres Britto condenou o ex-presidente da Câmara por dois peculatos, enquanto Celso o julgou culpado por um, mas o absolveu do outro.

A segunda maior taxa de concordância foi entre Barbosa e Luiz Fux: 97,32%, ou 109 de 112. Poderia ter sido maior, caso Barbosa não tivesse mudado seu voto quanto ao crime de evasão de divisas imputado ao publicitário Duda Mendonça e sua sócia Zilmar Fernandes. Também tiveram a mesma concordância (97,32%) Fux e Britto.

Ao longo do julgamento, o relator foi acompanhado principalmente por Luiz Fux (97,32% das vezes), Britto (94,64%), Celso de Mello (93,75%) e Gilmar Mendes (91,96%).