Título: Governo deve prorrogar o IPI reduzido até o fim deste ano
Autor: Doca, Geraldo; Bonfati, Cristiane
Fonte: O Globo, 24/10/2012, Economia, p. 24

Segundo fontes, Executivo quer aliviar pressões sobre a inflação.

O governo deve prorrogar até o fim do ano a redução do Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI) para automóveis, previsto para acabar no fim deste mês. Segundo fontes, a decisão será tomada no início da próxima semana, quando o ministro da Fazenda, Guido Mantega, receberá representantes do setor para analisar o comportamento das vendas nos últimos dois meses. Além dos benefícios da prorrogação para a indústria automotiva e para a economia como um todo, um fator que pesa a favor do incentivo é o impacto da medida na inflação, disse um interlocutor.

De acordo com projeções do mercado (na pesquisa semanal Focus, do Banco Central), o Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) deve fechar o ano em 5,44%, acima do centro da meta de inflação do governo, de 4,5%.

A redução do IPI para automóveis está em vigor desde maio e já foi prorrogada em agosto. Segundo dados do setor, as vendas entre janeiro e setembro superaram em 4% as do mesmo período de 2011.

O vice-presidente da Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores (Anfavea), Luiz Moan, disse ontem, após reunião no Ministério da Fazenda para discutir ajustes no novo regime automotivo, que espera posição firme do governo sobre a prorrogação na próxima semana:

- A vantagem seria diminuir ainda mais o estoque e aumentar as vendas. Seria a manutenção de preço menor para o consumidor. Portanto, vantajoso para todo o mercado.

Ontem, as cotas de importação do novo regime automotivo para montadoras sem fábrica no país foram fortemente criticadas por José Luiz Gandini, presidente da Kia Motors no Brasil. A marca Kia é coreana. Para ele, o novo modelo é equivocado por limitar em 4,8 mil o número de carros que podem ser importados sem a incidência de 30 pontos adicionais do IPI:

- (O novo regime) fere a livre concorrência, joga no lixo todo o esforço da Kia Motors em 20 anos. O decreto nivelou por baixo, como se fôssemos importadora de uma loja só - disse, sem confirmar a instalação de uma fábrica no país.

Segundo a Associação Brasileira das Empresas Importadoras de Veículos Automotores (Abeiva), as importações terão queda de 40% no ano.