Título: No último dia de campanha, padrinhos entram no ar
Autor: Ribeiro, Marcelle
Fonte: O Globo, 27/10/2012, País, p. 4
Fernando Henrique defende Serra, e Dilma e Lula associam Haddad a renovação política
Padrinho tucano. FH enalteceu a experiência e o "espírito jovem" de Serra
Padrinho petista. Lula disse estar feliz por ajudar a renovar as lideranças
SÃO PAULO No último dia de programa eleitoral gratuito na televisão e no rádio, os candidatos José Serra (PSDB) e Fernando Haddad (PT) colocaram seus padrinhos políticos para pedir votos. Apesar de o tucano fazer uma campanha ressaltando que é experiente para contrastar com a imagem de novo que Haddad tenta passar, o ex-presidente da República Fernando Henrique Cardoso disse, no rádio, que Serra tem "espírito jovem".
- Votar em Serra é votar no bom senso, em projetos bem planejados, viáveis, e numa gestão eficiente. Eu sou testemunha do seu espírito jovem, da sua criatividade e, sobretudo, da sua preocupação em trabalhar para todos - disse Fernando Henrique, que, durante a campanha, teria lamentado a aproximação de Serra de setores conservadores.
Na TV, Fernando Henrique não apareceu. Porém, o apresentador do programa usou muitas expressões ligadas ao novo para elogiar Serra, chamando o tucano de "ousado e criativo" e dizendo que ele tem "ideias novas". Mas também disse que ele é experiente.
Ataque e defesa em radio e tv
O programa de Haddad teve dois padrinhos políticos: o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva e a presidente Dilma Rousseff, que destacaram que candidato representa o novo.
- Haddad na prefeitura será um sopro de renovação na política brasileira. Não é apenas porque ele é jovem, mas pela força de sua competência e de seu jeito novo de fazer política - disse Dilma.
- Estou muito feliz porque a maioria dos paulistanos descobriu algo que eu já sabia: Haddad é o melhor candidato. Uma felicidade que tenho na vida é ter ajudado a renovar as lideranças políticas no Brasil. Duas em especial me orgulham: Dilma, que é grande presidenta, e Haddad, que foi excelente ministro e será um grande prefeito - afirmou Lula.
O governador Geraldo Alckmin (PSDB) disse que, se eleito, Serra governará afinado com o estado, sem diferenças partidárias.
- A capital tem problemas complexos, e demandas que aumentam todo dia. Por isso, nós sabemos que é preciso trabalhar sério e melhorar sempre. É o que nós dois vamos fazer. O Serra como prefeito, e eu como governador. Sempre afinados, sem diferenças administrativas ou partidárias - disse Alckmin.
No último dia de propaganda eleitoral gratuita, Serra atacou Haddad, principalmente no rádio. O programa do tucano no rádio começou com um jingle que dizia "O que é que o Haddad quer? Coisa boa é que não é".
O apresentador da campanha tucana disse que não havia dúvidas de que o petista quer acabar com as Organizações Sociais de Saúde (OSs). Foi veiculado trecho de entrevista em que Haddad diz que o poder público é que deveria administrar os hospitais e em que o deputado federal Jilmar Tatto (PT-SP) afirma que as OSs têm que acabar, num processo progressivo. "Com Haddad, a saúde vai piorar", diz um apresentador de programa de Serra.
Também no rádio, Haddad se defendeu dos ataques na área da saúde:
- Quero tranquilizar os dirigentes, funcionários e usuários do (hospital) Santa Marcelina (que administram unidades de saúde). Não se deixem levar pelas inverdades que vêm sendo ditas. Aprecio muito o trabalho de vocês e vou aprofundar a parceria da prefeitura com o Santa Marcelina.
Apresentadores do programa de Haddad disseram que "nem mesmo mentiras absurdas" na reta final abalaram a campanha do petista. Em tom emotivo, o candidato do PT pediu o apoio da população, a quem disse estar ligado "por laços de amor e esperança".
aposta no bilhete único
José Serra (PSDB) fez questão de mencionar várias vezes em seus programas de rádio e TV a proposta de ampliar o uso do bilhete único de transporte para seis horas no fim de semana, apresentada na última quarta-feira, já na reta final da campanha. O projeto vem sendo abordado exaustivamente pelo candidato nos últimos dias.
O tucano também afirmou que São Paulo "está longe de ser a tragédia" que Haddad afirma que é, e disse que sabe como resolver os problemas da cidade.