Título: Campos: é preciso usar a força política em defesa dos interesses do Brasil
Autor: Lins, Letícia
Fonte: O Globo, 30/10/2012, País, p. 3

Presidente do PSB, partido que mais cresceu, pede ajustes em temas nacionais.

Depois de registrar crescimento de 42% no número de prefeitos do PSB, o presidente nacional do partido, Eduardo Campos, afirmou ontem que vai usar essa força política para defender os interesses do país. Campos voltou a negar que esteja em campanha para 2014, embora já tenha começado discurso e práticas que indicam movimento nesse sentido. Ontem, por telefone, a presidente Dilma Rousseff o convidou para ir a Brasília, mas a data do encontro não está definida.

Entre hoje e o dia 2 de dezembro, Campos reúne na capital do país os 440 prefeitos eleitos pelo PSB em seminário sobre planejamento de gestão, no qual serão discutidas experiências positivas do partido. O objetivo, embora o governador não admita, é fazer do PSB uma vitrine, que possa ser utilizada com exemplos de administração em uma eventual campanha presidencial. Em Pernambuco, Campos já colocou técnicos do governo à disposição dos prefeitos eleitos:

- Vamos ouvir a experiência de gestores em áreas como Saúde e Educação, oferecer subsídios para a transição, além de colocarmos a Fundação João Mangabeira a serviço das necessidades dos novos prefeitos.

Munido de tabelas que apontam o crescimento do PSB, Campos mostrou que o partido está disposto a usar o cacife das urnas para barganhar o que considera necessário ao país.

- Quem ganha eleição, e o PSB saiu fortalecido dessa, ganha também responsabilidade. E é preciso usar essa força política em defesa dos interesses do Brasil. Que essa força seja colocada à disposição das boas causas - disse ele, depois de fazer uma análise dos números: - O PSB foi o partido que mais cresceu no número de prefeitos, com percentual de 42%, seguido pelo PT, que cresceu 14%. O número de pessoas que passam a ser governadas pelo PSB cresceu 101%.

Segundo Campos, o indicador mais significativo dessa eleição foi o número de prefeitos socialistas reeleitos:

- Conseguimos um índice de reeleição de 72% contra a média geral de 50%.

Sobre os prefeitos que não se reelegeram, Campos disse que "cabe a cada diretório municipal fazer análise do que houve".

pacto federativo em pauta

O governador, que falou ontem com Dilma, negou que esteja em atrito com a presidente.

- Já tem muita gente para criar problemas para a presidente. E nós queremos criar soluções e ajudá-la a tocar a pauta que interessa para a nação nesse momento.

Sobre o rompimento com o PT em alguns municípios, Campos disse que o momento é de desarmar os palanques:

- Vamos buscar o que une e relevar o que separa.

Ontem, Campos cobrou do Congresso Nacional e da presidente Dilma o ajuste do Pacto Federativo. De manhã, em entrevista à rádio "CBN", ele pediu a votação ainda neste ano de um novo rateio para o Fundo de Participação dos Estados e do Distrito Federal (FPE) - o dinheiro dos impostos federais que retorna para os estados:

- (Entre os entes da federação), os estados passaram a ser os que mais investem. Às vezes, o estado está na incerteza de começar o ano sem ter a regra daquela que é a maior fonte de financiamento da maioria dos estados , que é o FPE. Ora, se isso não é relevante de ser votado, como vamos planejar o orçamento? - indagou o governador, que completou: - Isso é parte de uma pauta muito mais importante do que ficar discutindo como é que vai ficar 2014, porque 2014 só se vai saber em 2014. Não tem quem saiba antes.