Título: Haddad agora diz querer diálogo com PSD
Autor: Uribe, Gustavo; Roxo, Sérgio
Fonte: O Globo, 30/10/2012, País, p. 6

Atacado por prefeito eleito durante toda a campanha, Kassab admite aproximação com o PT em São Paulo.

Após uma campanha eleitoral na qual fez duros ataques à atual administração da capital paulista, o prefeito eleito de São Paulo, Fernando Haddad (PT), adotou ontem um novo discurso e afirmou que há condições de diálogo com o PSD, partido do prefeito Gilberto Kassab, para que a sigla componha a base aliada do governo petista a partir de janeiro do ano que vem. Hoje, o petista terá uma audiência com Kassab para tratar da transição administrativa e da postura de apoio da nova sigla no município. Em entrevista coletiva, Haddad disse que tem certeza de que o PSD não fará uma "oposição de caráter sistemático" e lembrou que tem um bom relacionamento com integrantes da bancada do partido.

- A primeira conversa com o prefeito será amanhã (hoje). Independentemente do rumo do PSD no futuro próximo, seja em relação ao governo federal seja em relação ao governo municipal, eu penso que as condições de diálogo estão dadas. (O partido) pode até não estar na base do governo municipal, mas oposição sistemática não fará - afirmou Haddad.

A aproximação do PSD com o PT em São Paulo faz parte do processo de adesão da nova sigla à base aliada do governo federal. O partido do prefeito Gilberto Kassab, que já é a quarta bancada na Câmara dos Deputados, tem negociado nos últimos meses espaço na Esplanada dos Ministérios e deve ser contemplado na próxima reforma ministerial. O PT também tem interesse em atrair o PSD para o palanque da presidente Dilma Rousseff em 2014. Após a vitória de Haddad, lideranças do PT entraram em contato com a direção do PSD em São Paulo para tratar sobre uma adesão à nova base governista. Além de Kassab, o presidente da Câmara de Vereadores, José Police Neto (PSD) também tem sido um dos interlocutores nas negociações com o PT.

- Eu tenho certeza que os vereadores eleitos pelo PSD, eu conheço alguns pessoalmente, votariam em projetos importantes para a cidade. Eu acho que vai haver um bom entendimento - afirmou Fernando Haddad.

kassab: decisão é da bancada

Em entrevista ao Portal G1, Kassab disse ontem que, se a bancada do PSD quiser, apoia o governo petista. A nova sigla, que elegeu sete vereadores, pode ser bastante útil para a gestão municipal do prefeito eleito. Com apenas 11 dos 55 vereadores na Câmara de Vereadores, o PT precisa construir uma base de apoio sólida. Marco Aurélio Cunha, líder do PSD na Casa, admite conversar com aliados do novo prefeito e disse que a legenda não fará oposição. O líder do PSD também acredita que as críticas do petista não inviabilizam uma aproximação.

- Não fecharia as portas para conversar com ninguém, mas isso não quer dizer adesismo. Nem faca no peito, nem abraço apertado. Nós somos contra o quanto pior melhor. Uma coisa é debate eleitoral, em que se fala, se critica. Outra são as questões da cidade, discutir o que foi construído. Está zerado - disse Kassab.

Ontem, o presidente nacional do PT, Rui Falcão, lembrou que o partido apoiou a prefeita da cidade de Ribeirão Preto (SP), Darcy Vera (PSD), no segundo turno da eleição municipal contra o tucano Duarte Nogueira. Na capital paulista, por outro lado, o PSD indicou o vice da chapa do tucano José Serra.

- (O objetivo é) a manutenção da aliança atual e, de preferência, com ampliações, como do PSD. Evidentemente que, quanto mais ampla puder ser a aliança, dentro do programa que a gente defende, (melhor). Se o PSD todo vier, será bem vindo - disse Falcão.

Com relação ao PSB, o dirigente do PT afirmou que a sua sigla irá trabalhar para "distensionar" a relação com a legenda depois das disputas em cidades como Belo Horizonte, Recife e Fortaleza. O presidente do PT fez um balanço positivo da eleição e disse que ainda não é possível medir o impacto do julgamento do mensalão na disputa deste ano.