Título: PMDB, PSD e bancada mineira devem ganhar espaço na Esplanada
Autor: Gama, Júnia
Fonte: O Globo, 29/10/2012, País, p. 13

Planalto quer fortalecer relação com sigla de Temer com vistas a 2014.

Embora a ordem da presidente Dilma Rousseff seja expressa no sentido de que nenhum ministro fale em reforma na Esplanada, interlocutores do Planalto e caciques de partidos aliados já discutem abertamente a nova composição dos ministérios com mudanças pontuais após as eleições. A partir de hoje, com os resultados das urnas, será dada a largada para a minirreforma. É consenso que PMDB, PSD e a bancada mineira devem ganhar espaço na segunda metade do governo Dilma.

O partido do vice-presidente Michel Temer, aliado que se manteve fiel em pontos estratégicos, como Belo Horizonte no primeiro turno e São Paulo no segundo, terá a prerrogativa de indicar nomes. Há avaliação de que a relação com o PMDB precisa ser fortalecida com vistas a 2014, principalmente devido ao provável voo solo do governador Eduardo Campos (PSB-PE).

Há alguns dias, Dilma voou com o presidente do Senado, José Sarney (PMDB-AP), para evento no Maranhão. Na ocasião, pediu a ele que não colocasse os vetos do Código Florestal no Congresso e, em contrapartida, foi só elogios: agradeceu a parceria do PMDB, elogiou o desempenho da sigla nas urnas e sinalizou com mais espaço. A conversa com Temer, patrocinada por ela na mesma semana, também foi nesse sentido.

Mesmo com toda a simpatia, já é certo que Dilma não dará a Educação para Gabriel Chalita, que o PMDB pretende lançar nacionalmente nos próximos anos, após ter ficado em quarto lugar na disputa em São Paulo. Ele deve ficar com uma secretaria importante na prefeitura de São Paulo, na gestão de Fernando Haddad (PT).

Da disputa em Salvador, a consequência pode ser, a médio prazo, a substituição de Geddel Vieira Lima (PMDB) no cargo de vice-presidente da Caixa. Geddel e seu irmão, o deputado Lúcio Vieira Lima, aderiram à campanha de ACM Neto (DEM) no segundo turno contra o petista Nelson Pelegrino. Mas Dilma não pretende tomar o cargo do baiano, para não ficar caracterizada a punição. Aguardará manifestação do próprio PMDB.

Agricultura com PMDB

Ainda na cota do PMDB, caso Mendes Ribeiro deixe a Agricultura por questões de saúde, a pasta deve permanecer com o partido. E outros cargos importantes de segundo escalão também poderão ir para o partido de Temer.

O PSD deve ganhar um ministério. O presidente e fundador, Gilberto Kassab (SP) - embora apoiador do tucano José Serra e derrotado nesta eleição, além da péssima avaliação como prefeito -, deve indicar um nome. Outra liderança importante, a senadora Kátia Abreu (TO) tem poucas chances de virar ministra, já que brigou com Kassab e se posicionou contra a intervenção de Dilma em BH.

- Não há nada concreto, mas houve conversas que vão se concretizar após o processo eleitoral. Temos 52 deputados, somos a terceira maior bancada na Câmara. Merecemos mais espaço na Câmara, mas na Esplanada é a presidente quem vai dizer - diz o líder do partido, deputado Guilherme Campos (SP).

Em Minas, o sacrifício de Patrus Ananias não terá sido inútil. Ele deverá ser recompensado com um lugar na Esplanada, que pode ser Transportes. O Planalto avalia que o estado está sub-representado no governo, prova disso é que pegou em Dilma a pecha de estrangeira cravada por Aécio Neves.

O PMDB mineiro também fez o sacrifício de retirar a candidatura de Leonardo Quintão, a pedido de Dilma, e encolheu após o pleito: de três para um vereador na capital. Mas mesmo os caciques do partido admitem que a cota mineira na Esplanada deverá ser preenchida pelo PT.