Título: Mauro Mendes, do PSB, derrota PT em Cuiabá
Autor: Pinto, Anselmo Carvalho
Fonte: O Globo, 29/10/2012, País, p. 18

Empresário teve apoio de Blairo Maggi (PR) para vencer petista.

Goiano de Anápolis, o empresário Mauro Mendes (PSB) é o novo prefeito de Cuiabá (MT), eleito com 159.185 votos, 54,65% do total de votos válidos, contrariando as expectativas de que a disputa seria a mais acirrada da cidade. Mendes derrotou o candidato do PT, Lúdio Cabral, que teve 45,41% dos votos válidos. Foram 70.138 abstenções (18,78%), enquanto os votos em branco e nulos somaram 3,87%.

Formado em Engenharia Elétrica, Mendes consegue se eleger depois de disputar três eleições majoritárias. Ele havia tentado a prefeitura em 2008 e o governo em 2010, perdendo a disputa em ambas as ocasiões.

- Os primeiros meses de meu mandato serão dedicados a remontar o sistema de saúde pública - disse Mendes na primeira entrevista após o resultado.

Pesquisas mostram que o maior problema de Cuiabá é a Saúde. Durante a campanha, Mendes anunciou que uma de suas principais medidas como prefeito será a construção de um novo pronto-socorro, para substituir o atual, construído no início dos anos 80. Afirmou ainda que, apesar das desavenças eleitorais com o governador Silval Barbosa (PMDB), que apoiou o petista Lúdio Cabral, vai contar com ele na administração de Cuiabá.

- Vamos precisar do governo para administrar a cidade. Não tenho nada contra o governador - afirmou o prefeito eleito.

Mendes foi alçado à política pelas mãos do senador Blairo Maggi (PR), que governou Mato Grosso por oito anos, com grandes índices de aprovação. Além de Maggi, tem o apoio do senador Pedro Taques (PDT), político de grande popularidade em Cuiabá, por ter sido um dos responsáveis por colocar na cadeia o bicheiro João Arcanjo Ribeiro, chefe do crime organizado.

Ex-presidente da Federação das Indústrias do Mato Grosso, Mendes é dono de uma empresa que constrói torres de telefonia. Tem um patrimônio declarado de R$ 116 milhões - é o candidato mais rico nas capitais. Ele explorou maciçamente na campanha eleitoral sua capacidade de administração, a ponto de o ex-presidente Lula, em comício do candidato petista na cidade na última quarta-feira, ter dito que comandar uma cidade não é o mesmo que comandar uma empresa.

Durante a maior parte da campanha, uma das críticas a Mendes é a de que ele iria usar a prefeitura como um trampolim para o governo do estado. Por conta da dúvida, aceitou fazer um compromisso público de ficar quatro anos no Palácio Alencastro. Mais do que o compromisso, vai pesar a cobrança de seus dois principais apoiadores - Taques e Maggi -, ambos pré-candidatos para 2014.

Uma situação curiosa envolveu os dois candidatos na reta final. No intervalo do debate da Rede Record, semana passada, Mendes e a mulher de Cabral discutiram após ela dar um beijo no marido; ela se disse ofendida com brincadeira feita por Mendes em seguida, e a polêmica ganhou as ruas.