Título: Bomtempo vence com 56% em Petrópolis
Autor: Schmitt, Gustavo
Fonte: O Globo, 29/10/2012, País, p. 24

Candidato do PSB, que enfrentou tentativa de impugnação da candidatura, obteve 87.317 votos e derrotou adversário do PMDB.

Após uma das campanhas mais acirradas do estado, Rubens Bomtempo (PSB) foi eleito prefeito de Petrópolis, na Região Serrana. Nas 699 urnas da cidade, ele obteve 87.317 votos (56,05% dos votos válidos). Seu adversário, Bernardo Rossi (PMDB), recebeu 68.469 votos (43,95%).

Bomtempo, que enfrentou uma tentativa de impugnação de sua candidatura ao longo da disputa, votou por volta das 16h, no clube Petropolitano, em Valparaíso. Acompanhado da esposa, da mãe e da filha, ele se disse confiante no pleito, mas não disfarçou a irritação ao ser perguntado sobre a batalha judicial que travou para participar do pleito. O candidato teve o registro de candidatura rejeitado pelo Tribunal Regional Eleitoral (TRE-RJ), pois suas contas foram rejeitadas quando era prefeito de Petrópolis. O Tribunal Superior Eleitoral (TSE) reformou a decisão e deferiu o registro de candidatura do socialista 11 dias antes das eleições.

- Não tenho dúvidas de que isso causou um dano irreparável à minha imagem. O TRE cometeu um equívoco ao não aceitar o nosso registro. Só tivemos 11 dias de campanha. Mas acho que conseguimos reafirmar nossas propostas. Acho que a Justiça e a verdade vão prevalecer - disse Bomtempo, que se elegeu com o apoio de PR, DEM, PV, PCdoB e PTdoB.

tse modificou decisão do TRE

Bernardo Rossi votou por volta das 10h, no Colégio Santa Isabel, no Centro da cidade. Ele estava acompanhado da esposa e do filho e também se disse confiante:

- A minha campanha foi propositiva, de ideias, ideais e ações que vamos colocar em prática para a cidade voltar a crescer.

A candidatura de Rossi teve o apoio de PRB, PP, PTB, PSL, PSC, PPS, PRTB, PSDB e PSD.

Em Petrópolis houve 155.786 votos válidos (83,84%); 7.806 (4,18%) em branco; e 23.328 (12,48%) nulos.

A vitória de Bomtempo na batalha jurídica travada na Justiça começou a se configurar no dia 18 de outubro, quando o TSE, por seis votos a um, manteve o registro de sua candidatura, garantindo-lhe o direito de disputar com Rossi, a eleição em segundo turno em Petrópolis. O TSE modificou decisão do TRE, que tinha negado o registro a Bomtempo com base na Lei da Ficha Limpa. O socialista foi o segundo mais votado no primeiro turno da eleição. A decisão tirou da disputa o petista Paulo Mustrangi, terceiro colocado.

Bomtempo comandou a prefeitura de Petrópolis de 2001 a 2008 e teve o registro negado pelo TRE porque contas da gestão de 2004 foram rejeitadas pelo Tribunal de Contas do Estado (TCE). Segundo o TCE, Bomtempo deixou de recolher valores devidos ao INSS. A decisão do TRE, porém, não prevaleceu no TSE. A relatora do recurso, ministra Luciana Lóssio, deu parecer favorável a Bomtempo, utilizando o mesmo argumento que garantiu liminarmente, em 17 de outubro, que ele participasse da disputa: as contas foram rejeitadas pelo TCE, mas não pela Câmara de Vereadores. Segundo a ministra, a Câmara é o órgão competente para julgar as contas do prefeito.

Para toffoli, acusação gravíssima

O único voto contra a garantia do registro do candidato do PSB foi do ministro Dias Toffoli. Segundo o ministro, a acusação era gravíssima, e o que estava em jogo não eram as contas do prefeito, mas do ordenador de despesas que deixou de recolher contribuições previdenciárias.