Título: Expulsos PMs que ficaram com mochila do assalto
Autor: claudia Costa, Ana
Fonte: O Globo, 31/10/2012, Rio, p. 21

Os dois participavam de cerco a restaurante que fora invadido na Tijuca

Ana Claudia Costa

accosta@oglobo.com.br

Os dois policiais militares acusados de ficar com o dinheiro do assalto ao restaurante Brasa Gourmet, na Tijuca, no dia 13 de agosto foram expulsos ontem da corporação. A decisão, assinada pelo comandante da PM, coronel Erir Costa Filho, será publicada hoje no boletim interno da polícia. O caso do subtenente Ronaldo César Neves e do sargento Fábio Silva Lopes, do 4º BPM (São Cristóvão), havia sido submetido ao Conselho de Disciplina da PM, cujo parecer foi analisado pela corregedoria da corporação.

Neves e Lopes participaram do cerco ao restaurante no dia do assalto, que terminou com a morte de três dos bandidos. O sargento foi flagrado no vídeo de um cinegrafista amador pegando a mochila de um dos assaltantes mortos. Imagens do circuito interno do Brasa Gourmet mostraram que o dinheiro retirado do cofre havia sido guardado naquela mochila. Inicialmente, os policiais negaram ter pego a mochila. Depois da divulgação do vídeo e do depoimento de outro PM que estava na ação e disse ter visto Lopes com a mochila, os dois mudaram a versão: admitiram que a pegaram, mas afirmaram que não havia dinheiro em seu interior. O valor roubado foi estimado em R$ 18 mil (R$ 15 mil em dinheiro e R$ 3 mil em tíquetes refeição) pelo gerente do restaurante.

Afastados do trabalho nas ruas desde o final de agosto, os PMs não tinham anotações em suas fichas funcionais. Lopes trabalhou por 13 anos na PM e Neves, por 27 anos.

PM CANDIDATO também expulso

Preso no último domingo pelo crime de boca de urna em Duque de Caxias, o candidato a vereador e policial militar Hércules Constâncio também foi expulso ontem da corporação. Ele foi detido com R$ 10.450, em notas de R$ 100 e R$ 50, e duas listas. Uma delas controlava o pagamento da boca de urna para ele mesmo e a outra trazia nomes de pessoas que seriam isentas do pagamento do "gatonet" - serviço clandestino de TV a cabo - para votar em outro candidato, Washington Reis. Constâncio, que já respondia a processo administrativo por suspeita de ligação com milícia, foi liberado da prisão no domingo após pagar fiança de R$ 30 mil.