Título: Ministros em guerra pelo posto de candidato
Autor: Roxo, Sérgio
Fonte: O Globo, 28/10/2012, País, p. 17

Lula vai escolher o nome do PT para concorrer ao governo de São Paulo

SÃO PAULO Se, por um lado, a iminente vitória na capital animou o PT para a eleição ao governo em 2014, por outro já deflagrou uma guerra interna pelo posto de candidato. Os ministros Aloizio Mercadante (Educação), Alexandre Padilha (Saúde) e Marta Suplicy (Cultura) sonham em encabeçar a chapa.

No momento, a vantagem na disputa é de Padilha. O sucesso do projeto Haddad, que nunca havia disputado uma eleição, reforçou a convicção dos petistas de que é necessário apostar em caras novas.

- Muitos partidos sucumbiram ao longo dos anos por terem sido incapazes de renovar os seus dirigentes. O PT tem conseguido fazer emergir novas lideranças - afirmou o presidente estadual do PT, Edinho Silva.

Mas, segundo dirigentes do PT, Mercadante, que disputou as duas últimas eleições para governador de São Paulo, tem trabalhado intensivamente para destronar o colega de ministério do posto. Em conversas internas, o ministro da Educação vem apontando problemas da gestão de Padilha na Saúde, com o argumento de que isso pode ser usado pelos adversários na eleição de 2014.

Mesmo petistas partidários da escolha de Padilha reconhecem que, para se viabilizar, ele precisa criar uma marca de fácil reconhecimento popular para a sua gestão no ministério, o que ainda não ocorreu. De qualquer maneira, o ministro deve mudar o seu domicílio eleitoral para São Paulo, no próximo ano. Apesar de ser paulista, Padilha trabalhou em Santarém, no Pará, depois de se formar em medicina e, por isso, vota na cidade.

Diante das polêmicas, um ponto é consenso dentro do PT: a escolha do candidato a governador em São Paulo será feita pelo ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Assim como fez com Haddad, novamente Lula assumirá o papel de guru e padrinho da candidatura.

Se Padilha não se viabilizar com uma gestão convincente à frente do Ministério da Saúde, deve ganhar força a alternativa de indicar o prefeito de São Bernardo, Luiz Marinho, para o posto. Um dos principais amigos de Lula na política, Marinho tem defendido publicamente o nome de Mercadante, mas aliados dizem que isso é jogo de cena. Pesa contra o prefeito de São Bernardo o fato de ele ter acabado de se reeleger, o que o obrigaria a renunciar ao cargo antes da metade do novo mandato. A renúncia poderia ser explorada pelos adversários na campanha, como o próprio PT fez com o tucano José Serra na atual eleição em São Paulo.