Título: No Rio, 2º turno se transforma em prévia para 2014
Autor: Castro, Juliana; Onofre, Renato
Fonte: O Globo, 28/10/2012, País, p. 38

Cabo de guerra entre PMDB e PSB pode acabar afetando planos no estado para a reeleição da presidente

Campanha. Nelson Bornier, candidato em Nova Iguaçu, entre Cabral e Temer

Marcos Tristão/23-10-2012

O xadrez eleitoral do Rio transbordou as fronteiras do estado e virou alvo do interesse direto de caciques nacionais. A disputa nas sete cidades fluminense, onde ocorrem hoje o segundo turno das eleições municipais, não explicita apenas mais uma batalha entre o governador Sérgio Cabral (PMDB), o senador Lindbergh Farias (PT) e o deputado federal e ex-governador Anthony Garotinho (PR). O PMDB quer a hegemonia absoluta do estado e, para isso, convocou sua principal liderança, o vice-presidente da República, Michel Temer, para ir às ruas e pedir votos para correligionários locais em Volta Redonda, Petrópolis, Duque de Caxias e Nova Iguaçu. O governador de Pernambuco, Eduardo Campos (PSB), também veio ao estado para dar visibilidade a aliados e ao seu projeto de protagonismo na sucessão do Planalto em 2014.

Na esteira, Garotinho tenta ganhar espaço - o PR conquistou somente seis prefeituras no primeiro turno contra 23 do PMDB - e se dedicou em tempo integral às candidaturas de partidários em Volta Redonda e São Gonçalo. Embora tanto o PR quanto o PSB façam parte da base aliada do governo federal, a vitória desses partidos pode trazer implicações para o palanque da presidente Dilma Rousseff no estado, por motivos diferentes.

O PR no Rio, controlado pelo ex-governador, não segue a linha do partido nacionalmente. Com frequência, Garotinho publica em suas redes sociais e em seu blog notícias desfavoráveis ao PT e sobre o mensalão, tema de desconforto entre os petistas. São Gonçalo - segundo maior colégio eleitoral do estado, com 665.326 pessoas aptas a votar - é onde Garotinho mais concentra seu esforço. Uma vitória do PR com Neilton Mulim tiraria palanque de Dilma na segunda cidade fluminense de maior potencial eleitoral. No município, o PT e o PMDB apoiam Adolfo Konder (PDT). Até agora, o PR só conquistou uma grande prefeitura, a de Campos, com Rosinha Garotinho, e uma vitória em São Gonçalo seria estratégica.

- Na medida em que Dilma apoia Cabral e Paes, coloca-se contra nós. Nossos prefeitos não estarão no palanque dela. Não analisamos a questão, mas dificilmente isso acontecerá (de prefeitos do PR fazerem campanha para Dilma) - disse o secretário-geral do PR-RJ, Fernando Peregrino.