Título: Corrupção também inflamou Primavera Árabe
Autor:
Fonte: O Globo, 08/11/2012, País, p. 6
BRASÍLIA Prêmio Nobel da Paz em 2011, a jornalista Tawakkul Karman disse em entrevista ao GLOBO que a revolução no mundo árabe - a chamada Primavera Árabe -, responsável pela queda de ditadores em diferentes países, foi abastecida pela revolta com as práticas de corrupção nesses lugares. Tawakkul conta que foram as mulheres e os jovens que assumiram a linha de frente nos movimentos populares.
- A luta era por justiça, por paz. E a situação foi ficando pior e pior. A corrupção agravou esse quadro - afirmou a jornalista do Iêmen, que participou de um painel sobre mobilização popular na Conferência Internacional Anticorrupção. Tawakkul deixou o evento no meio da tarde para se encontrar com a presidente Dilma Rousseff no Palácio do Planalto. Antes, as duas estiveram juntas na abertura da conferência.
Tawakkul elogiou as iniciativas adotadas pelo Brasil de combate à corrupção e as políticas públicas que retiraram 40 milhões de pessoas da pobreza, segundo dado apresentado pela própria presidente Dilma na abertura do evento. Para a jornalista, o que ocorreu não foi uma "simples mudança".
Na fala durante a conferência, Tawakkul defendeu o bloqueio de bens dos ditadores depostos e o julgamento deles por cortes internacionais.
- Exigimos o bloqueio dos bens dos corruptos - disse a jornalista.
Tawakkul tem 33 anos e nasceu no sul do Iêmen, país onde lidera um grupo de defesa dos direitos humanos. No ano passado, chegou a ser presa por sua liderança nos protestos populares da Primavera Árabe em seu país. O Prêmio Nobel da Paz foi concedido à jornalista em razão de sua luta não violenta pelos direitos das mulheres. (Vinicius Sassine)