Título: Polícia amplia ocupação de favelas em SP
Autor: Roxo, Sérgio
Fonte: O Globo, 08/11/2012, País, p. 10

SÃO PAULO Um dia depois da negociação de medidas conjuntas entre os governos federal e do estado para tentar conter a onda de violência em São Paulo, a Polícia Militar ampliou a ocupação de áreas dominadas pelo crime com operações em três favelas, duas da capital paulista e outra de Guarulhos, na região metropolitana. Desde o começo do ano, 90 policiais militares já foram mortos, em muitos casos fora da hora de expediente. Além disso, dois presos foram transferidos para o Presídio de Segurança Máxima de Presidente Bernardes, no interior do estado.

Ontem pela manhã, 160 policiais militares ocuparam a região de Parada de Taipas, na Zona Norte da capital paulista, com 32 motos e 15 carros. Um helicóptero também foi utilizado. Em Santa Inês, na Zona Leste, outros 130 PMs tomaram as ruas da região, com o reforço de 20 motos e 20 carros, além de um helicóptero. Dentro de um barraco, a polícia apreendeu duas armas e drogas.

A Favela São Rafael, em Guarulhos, foi ocupada por 110 policiais, com 12 motos e 27 carros, um helicóptero. Até o final da tarde, a PM informou ter abordado 359 pessoas na comunidade e fiscalizado 95 veículos. Duas pessoas foram presas em flagrante, quatro carros foram apreendidos, e um menor foi detido.

Na semana passada, a PM deu início à Operação Saturação na Favela de Paraisópolis (na Zona Sul), a segunda maior de São Paulo. Durante esse tipo de ação, a polícia aborda suspeitos e faz bloqueios em vias das comunidades. Até agora, 36 pessoas foram presas em flagrante. Seis adolescentes foram apreendidos, e 11 foragidos da Justiça, capturados. A polícia conseguiu apreender 16 armas ilegais, uma granada, 351 munições de diversos calibres, 37,8 quilos de cocaína, 339,8 quilos de maconha, 483 gramas de crack e 50 unidades de drogas sintéticas. Apontado como chefe do tráfico em Paraisópolis, Antônio Cesário da Silva, o Piauí, deve ser transferido hoje para o presídio federal de Porto Velho, em Rondônia.

Apesar da maior pressão, São Paulo voltou a ter uma madrugada de violência. Entre a noite de terça-feira e a tarde de ontem, sete pessoas morreram e pelo menos três ficaram feridas em novos ataques criminosos na capital, em Guarulhos e em Cotia. Das vítimas, quatro foram assassinadas na Zona Leste da capital paulista. Em Itaquera, o jovem Leonardo da Silva, que completaria 20 anos ontem, estava com um grupo de amigos, quando foi baleado, por volta das 23h da terça-feira. Ele foi atacado por quatro homens que estavam em duas motos. Leonardo e o amigo Vitor Felipe Borges Martins, de 25 anos, morreram. A irmã de Martins era ex-policial militar.

Já na Penha (na Zona Leste da cidade), o delegado Diogo Zamut Júnior foi atingido por um tiro no ombro. Ele foi socorrido e não corre risco de morrer. Não há pistas dos atiradores.

Na reunião realizada anteontem, os governos federal e do estado decidiram seis medidas conjuntas para combater o crime em São Paulo. A principal delas é a criação de uma agência de inteligência para tentar asfixiar financeiramente a facção que domina os presídios paulistas. Também estão previstas a criação de uma central de perícias, a transferência de presos envolvidos em mortes de policiais para presídios federais, a realização de blitzes conjuntas em estradas, portos e aeroportos do estado, a implantação de um programa de combate ao crack e criação de uma central de monitoramento.