Título: Dilma afaga PSB, e Cid Gomes cobra vice
Autor: Damé, Luiza ; Krakovics, Fernanda
Fonte: O Globo, 09/11/2012, País, p. 6
Governador do Ceará indica Eduardo Campos, que festeja a falta de anúncio de chapa do PT com PMDB
Luiza Damé, Fernanda Krakovics e
Paulo Celso Pereira
BRASÍLIA A presidente Dilma Rousseff deu prosseguimento ontem à temporada de afagos aos aliados e almoçou com o governador do Ceará, Cid Gomes, no Palácio da Alvorada. Na saída, Cid defendeu o nome do governador de Pernambuco, Eduardo Campos, para vice de Dilma em 2014, no lugar de Michel Temer. A interlocutores, ontem, Campos comemorou o fato de Dilma, no encontro com o PMDB, na véspera, não ter reafirmado a chapa Dilma/Temer.
- O PMDB estará muito bem contemplado com as presidências da Câmara e do Senado, a partir do próximo ano e, portanto, caberá ao PSB o cargo de vice na chapa de Dilma em 2014 - defendeu Cid Gomes, citando Eduardo Campos como o melhor nome para o lugar de Temer.
Campos, que jantou com a presidente anteontem, não tratou das eleições de 2014, mas ficou satisfeito com a maneira como Dilma evitou antecipar a questão no encontro com o PMDB, na terça-feira.
- Se a presidente Dilma já tivesse celebrado a chapa com o PMDB para 2014, ela estaria nos jogando nos braços de quem o pessoal não quer. Ela tem que nos atrair - comemorou ontem Eduardo Campos com correligionários do PSB.
Cid Gomes ressaltou que Eduardo Campos é muito preparado, tem percorrido o país e está estudando os problemas nacionais, mas defendeu que o PSB só lance candidato a presidente em 2018. Para o governador, os projetos pessoais, seja da presidente, de Eduardo Campos, dele mesmo ou de seu irmão Ciro Gomes, estão abaixo dos projetos nacionais.
- O PSB teve um papel fundamental na eleição da presidente Dilma. Em estados liderados pelo PSB, a presidente teve as maiores votações. Participamos do governo dela de forma ativa e colaborativa. Acho que a gente pode aguardar 2018 para ter projeto nacional - afirmou o governador.
Diplomática, em entrevista ontem, Dilma procurou deixar claro que não partilhava das rusgas entre PT e PSB e disse que ficou satisfeita com o bom desempenho do aliado.
- Foi muito bom (o jantar com Campos). Não tem diferenças (entre PT e PSB). Acho que a nossa relação sempre se manteve a mesma - disse a presidente, logo após o lançamento do Pacto Nacional pela Alfabetização na Idade Certa, no qual Cid foi homenageado.
Perguntada se o PSB precisa de afagos, Dilma respondeu:
- Todos precisam de afago. Quem não precisa de afago em sendo humano? Todos nós precisamos.
O jantar serviu para estancar as feridas eleitorais e tentar manter PT e PSB unidos. Dilma disse a Eduardo Campos que era hora de superar os desgastes dos últimos meses e conduzir conjuntamente os temas que importam para o país. A presidente fez muitos elogios ao PSB e disse que fez questão de chamar Campos logo em seguida ao encontro com o PMDB para demonstrar que confere ao PSB a mesma importância, além de ser um partido ideológico e não fisiológico, que não briga por cargos.
Ao governador do Ceará, Cid Gomes, a presidente afirmou que quer acabar "com qualquer ruído na relação entre o PT e o PSB". Ele disse à presidente que defende o apoio do PSB à sua reeleição, mas reforçou que em algumas situações o partido estará em campo oposto ao dos aliados do Planalto.
Diante da aproximação de Eduardo Campos com o PSDB, Cid disse que prefere a aliança com o PT. Os irmãos Gomes são da ala dissidente do PSB e têm divergências com o governador de Pernambuco.
- Se eu for instado 20 vezes a escolher entre PT e PSDB, 20 vezes eu escolherei a parceria com o PT, embora o nosso projeto seja de o PSB um dia ter a Presidência da República - afirmou.
PMDB aguarda eleições no Congresso
A cúpula do PMDB já assimilou que a reforma pontual que a presidente fará em seu ministério só ocorrerá depois da sucessão para as presidências da Câmara e do Senado. Os peemedebistas dizem não achar ruim, já que não querem "marola" com outros partidos da base aliada antes da eleição das Mesas Diretoras das duas Casas.
Na noite de quarta-feira, enquanto Dilma jantava com Eduardo Campos, os caciques do PMDB, liderados pelo presidente do Senado, José Sarney (PMDB-AP), reuniram-se na casa da governadora do Maranhão, Roseana Sarney, para avaliar o jantar do partido com a presidente, na véspera. Participaram do jantar, além dos Sarney, o líder do PMDB, senador Renan Calheiros (AL), e o senador Jader Barbalho (PMDB-PA).
- Se pudéssemos dormir hoje e acordar no dia 1º de fevereiro seria o melhor dos mundos - disse um peemedebista, referindo-se à data da eleição dos presidentes da Câmara e do Senado.
Dilma também recebeu ontem o prefeito eleito de Curitiba, Gustavo Fruet, levado pela ministra da Casa Civil, Gleisi Hoffmann, e prometeu colaborar com o pedetista. O maior projeto de Fruet é o metrô de Curitiba, um investimento de R$ 2,3 bilhões, sendo R$ 1 bilhão do governo federal.