Título: MP acusa Micarla de receber propina
Autor: Francisco, Paulo
Fonte: O Globo, 09/11/2012, País, p. 8

Prefeita afastada de Natal pagaria contas pessoais com verbas de fornecedores

O Ministério Público Estadual acusou a prefeita afastada de Natal, Micarla de Souza (PV), de pagar contas pessoais com dinheiro de propina de empresas fornecedoras de produtos e prestadoras de serviços. Entre essas despesas, estão a escola dos filhos e compras de joias. Micarla foi afastada do cargo semana passada pelo desembargador Amaury Moura Sobrinho, que aceitou pedido do MP e determinou que o vice-prefeito Paulinho Freire (PP) assumisse a prefeitura até o julgamento do processo. Ela entrou com recurso no Tribunal de Justiça do Rio Grande do Norte contra a decisão.

Já o juiz da 7ª Vara Criminal de Natal, José Armando Ponte Dias, determinou o fim do sigilo da denúncia apresentada pelo MP na contratação do Instituto de Tecnologia, Capacitação e Integração Social, para o combate à dengue. Os promotores detalham o esquema de corrupção na Secretaria municipal de Saúde. As transcrições de trechos de interceptações telefônicas, e-mails e mensagens de celular, segundo o MP, revelam uma rede articulada envolvendo empresários e servidores públicos.

O ex-marido de Micarla, o radialista Miguel Weber, também é acusado pelo MP de participar de uma organização criminosa que desviava dinheiro das secretarias de Saúde, Educação, Comunicação e Urbana. Anteontem, o advogado da prefeita, Paulo Lopo Saraiva, entrou com pedido de habeas corpus no Superior Tribunal de Justiça (STJ) para reintegrá-la ao cargo. Ela nega todas as acusações.

A denúncia contra Micarla foi feita pelo procurador-geral de Justiça do Rio Grande do Norte, Manoel Onofre Neto, e inclui os secretários de Saúde e Planejamento e o procurador-geral do município, todos presos. A decisão do procurador se baseou nas investigações da Operação Assepsia, feita pelo MP, em junho, que apontou irregularidades em contratos de empresas com a Secretaria de Saúde. O procurador disse que a "a situação geral de descalabro" na prefeitura foi o que mais impressionou o MP.