Título: Em 24 horas, mais de 11 mil deixam Síria
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Fonte: O Globo, 10/11/2012, Mundo, p. 44

ONU prevê 4 milhões de pessoas necessitando de assistência até fim de 2012

Ancara e Genebra Pelo menos 11 mil sírios fugiram do país rumo a nações vizinhas entre ontem e anteontem, informou a ONU em Genebra. Nove mil seguiram para a Turquia onde, segundo o Alto Comissariado das Nações Unidas para os Refugiados, já há mais de 100 mil sírios que deixaram o país de origem por causa do conflito armado. Outros mil sírios seguiram para o Líbano, e os mil restantes foram para a Jordânia.

Segundo Panos Moumtzis, responsável por organizar a resposta da ONU à questão humanitária do conflito, 408 mil sírios já foram cadastrados. Mas Moumtzis admite que este número deve ser maior, e estima que chegue a 700 mil no começo de 2013.

A fuga em massa ocorreu justamente quando agências da ONU em Genebra se reuniam em busca de mais recursos para dar conta da crise humanitária gerada pelo conflito. As Nações Unidas estimam que 2,5 milhões de sírios precisam de assistência dentro e fora do país, mas essa cifra deve subir para 4 milhões na virada do ano, junto com a chegada do inverno, disse John Ging, diretor do Escritório da ONU para a Coordenação de Assuntos Humanitários.

- Nós não estamos conseguindo acompanhar o ritmo do aumento dos problemas - declarou Ging, ao informar que quase 100 mil sírios continuam fora do alcance da ONU.

Apesar disso, segundo o coordenador local da ação humanitária da ONU, Radhouane Nouicer, o regime do ditador Bashar al-Assad tem cooperado com os trabalhos da entidade, liberando o acesso inclusive a áreas já dominadas pela oposição. Mas a União das Organizações Sírias de Ajuda Médica diz que tropas pró-Assad estão desviando material enviado do exterior para cidadãos a favor do governo, ou mesmo revendendo os produtos. Responsáveis pelo Programa Mundial de Alimentos, da ONU, disseram que as denúncias estão sendo investigadas.

Em paralelo a tudo isso, Assad disse em entrevista veiculada ontem pelo canal Russia Today que o conflito no qual 40 mil pessoas morreram desde março de 2011 não é uma guerra civil, mas sim "terrorismo incentivado por terceiros". O ditador afirmou também que não há problemas entre ele e a população. "Se o povo é contra mim, como eu continuo aqui?", questionou.