Título: Comissão vai investigar morte de Anísio Teixeira
Autor: Soares, Rafael; Otavio, Chico
Fonte: O Globo, 07/11/2012, País, p. 9

Grupo que apura crimes da ditadura recebe dossiê sobre educador; corpo foi encontrado no fosso de elevador em 1971

Representantes da Comissão Nacional da Verdade (CNV) e da Comissão da Verdade da Universidade de Brasília (UnB) assinaram ontem termo de cooperação com o objetivo de investigar a morte do educador baiano Anísio Teixeira. No dia 13 de março de 1971, o corpo de Anísio foi achado no fosso do elevador do prédio onde morava o amigo Aurélio Buarque de Holanda, na Avenida Rui Barbosa, no Flamengo. Não havia sinais de queda.

Parentes de Teixeira, presentes ao ato, entregaram às comissões um dossiê mostrando incoerências na investigação da época. Além da falta de hematomas, duas vigas que ficavam entre a porta do elevador e o fundo do fosso, com distância de pouco mais um palmo entre si, deveriam ter impedido a passagem do corpo.

Anísio Teixeira foi um dos mentores da UnB, junto a Darcy Ribeiro, e tornou-se seu reitor em 1963. Era contra a educação como processo exclusivo de formação de uma elite. Com o golpe militar, seu mandato foi cassado. No Rio de Janeiro, onde presidiu um seminário da CNV com historiadores sobre antecedentes do golpe, a advogada Rosa Cardoso, da comissão, elogiou a iniciativa:

- É importante que a família entregue as informações para que possamos investigar o que aconteceu e que a universidade participe do processo. A comissão tem poderes em todo o território nacional para chegar aos meios que podem explicar casos como esse, mas temos muitas frentes de investigação. Toda ajuda é bem-vinda.

A comissão terá até maio de 2014 para esclarecer os casos investigados, incluindo o de Anísio, e poderá indicar responsabilidades. No entanto, como não tem poder de atuar como tribunal, deverá encaminhar as conclusões aos órgãos competentes para posterior investigação.