Título: Um condenado e um absolvido do mensalão voltam à Câmara
Autor: Brígido, Carolina
Fonte: O Globo, 07/11/2012, País, p. 6

João Paulo Cunha participa de votação dos royalties, e João Magno não sabe se tentará nova eleição

Situações opostas

O deputado João Paulo Cunha (PT-SP) e o ex-deputado João Magno (PT-MG), dois réus do mensalão, voltaram a circular ontem na Câmara. João Paulo voltou ao plenário pela primeira vez desde que foi condenado por corrupção passiva e peculato. Mais magro e sem barba, o petista participou da votação sobre os royalties do petróleo e evitou falar com jornalistas. Foi recebido com abraços e palavras de conforto por colegas na Câmara.

- Fique firme - disse um deputado.

- O julgamento ainda não acabou - respondeu o petista.

Os ministros, apesar da condenação, ainda não estabeleceram quantos anos o ex-presidente da Câmara cumprirá e qual o regime da pena, se aberto, fechado ou semiaberto.

Absolvido pelo STF, João Magno disse que agora se sente aliviado, mas que o preço pago nos últimos sete anos "foi altíssimo":

- Privações na vida pessoal, prejuízo na carreira política e também para levar a vida e pagar as contas do dia a dia - listou.

Acusado de lavagem de dinheiro por ter recebido R$ 360 mil do esquema de Marcos Valério, Magno era deputado federal quando estourou o escândalo, em 2005. Tentou se reeleger, mas não conseguiu. Houve empate em 5 a 5 no seu julgamento, e os ministros entenderam que empate beneficia os réus.

- No calor das denúncias, vi os votos minguarem, mas não perdi o respeito do povo da minha região. Sempre andei de cabeça erguida. Mesmo não me reelegendo, a população entendia que eu era inocente - disse.

Ex-prefeito de Ipatinga (MG), Magno disse não saber se tentará se eleger em 2014.

- É difícil. Para se candidatar você precisa de estrutura. E perdi tudo isso.