Título: Eletrobras cai 8,9% na Bolsa de NY após indenização
Autor: Fariello, Danilo; Bôas, Bruno Villas
Fonte: O Globo, 03/11/2012, Economia, p. 22
Custo da energia ao consumidor será de R$ 27 por MW/h, diz Aneel
BRASÍLIA E RIO Um dia após o governo federal divulgar o valor das indenizações para as concessões que estão para vencer no setor elétrico, os papéis das empresas de energia registraram fortes perdas ontem na Bolsa de Nova York. Os recibos de ações (ADRs, na sigla em inglês) de nível 1 da Eletrobras tombaram 8,99%, a US$ 5,16. Os de nível 2 chegaram a derreter 9,55%, antes de fecharem em queda de 7,97%, a US$ 7,51. É o menor valor em sete anos. Também em Nova York, os recibos da Cemig perderam 2,70%, da CPFL Energia, 1,78%, e da Copel, 0,80%.
Sem pregão ontem na Bolsa de Valores de São Paulo (Bovespa), por causa do feriado de Finados, as ações tendem a cair na abertura do mercado na próxima segunda-feira.
De acordo com Alexandre Póvoa, presidente da Canepa Asset Brasil, os investidores estrangeiros e locais têm se desfeito das ações do setor desde a publicação da medida provisória que mudou as regras das concessões das empresas, a MP 597, em 11 de setembro.
- O mercado ficou impressionado com a intervenção do governo e ficou na expectativa dos valores das indenizações para as empresas. Como veio um número abaixo do esperado, é natural que haja perdas - afirmou o especialista.
A Eletrobras foi a empresa mais afetada pela medida. As indenizações ao grupo vão somar cerca de R$ 14 bilhões, enquanto a companhia esperava receber mais de R$ 30 bilhões para novos investimentos.
Com as medidas, os papéis preferenciais (PNB, sem voto) da Eletrobras caem 12,50% desde setembro na Bovespa. A Cesp foi a que mais sofreu, com tombo de 39%. Em seguida aparecem as ações PN da Cemig (baixa de 28,98%) e da Copel (perda de 13,06%). As ações ordinárias (ON, com voto) da CPFL sobem 4,69%
energia mais barata
O governo vai pagar mais de R$ 20 bilhões em indenizações para geradoras e transmissoras de energia que aceitem renovar seus contratos até 2042. Com as novas regras, o custo médio para o consumidor da energia das 81 geradoras que terão seus contratos renovados pelo governo ficará em média em R$ 27 por megawatt-hora (MW/h), segundo cálculos da Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel). Esse valor equivale a um terço do preço da energia que será gerada em Belo Monte ou metade do custo de Teles Pires, as últimas grandes usinas hidrelétricas concedidas. O setor elétrico tem uma estimativa de custo médio da energia gerada hoje no país em R$ 90 por MW/h, o que significa que o valor das concessões renovadas ficará 70% abaixo da média atual.
O valor de R$ 27 bate com as contas do governo para reduzir a tarifa de energia, em média, em 20% a partir de fevereiro. Mas esse redução - que leva à queda de 16,2% nas tarifas dos consumidores residenciais a até 28% para as grandes indústrias - só acontecerá se boa parte das concessionárias comprovar o interesse em renovar os contratos em dezembro. As concessionárias têm até o dia 4 de dezembro para decidir se vão aderir às novas remunerações. Se não aceitarem, suas concessões vencem em 2017, quando terão de devolver os ativos à União.