Título: CPI expõe racha entre ruralistas
Autor: Santos, Danielle
Fonte: Correio Braziliense, 09/10/2009, Política, p. 5

Deputados do agronegócio dizem que governo comprou apoio de colegas que retiraram assinaturas do ofício de criação da comissão

Onyx Lorenzoni acredita que o governo usou diversas táticas e promessas para evitar a criação da CPI

A falta de articulação para emplacar a Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) mista do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST) ¿ que investigará os repasses financeiros do governo e de entidades internacionais feitos aos sem-terra ¿ tem revelado fissuras na bancada ruralista. Em tese, os parlamentares ligados ao agronegócio deveriam estar unidos, mas a realidade é bem diferente. Prova do racha foi o expressivo número de deputados ruralistas que retiraram, na semana passada, seus nomes da lista necessária para a criação da Comissão. De um total de 45 deputados que abandonaram o barco na última hora, 19 eram ruralistas.

Empenhados em levar a CPI adiante, os parlamentares mais exaltados têm pressionado os dissidentes a defenderem o setor, mas, até agora, a articulação anda fraca. Dos 19 desistentes, apenas um, o deputado Antônio Andrade (PMDB-MG), assinou novamente o documento.

Onyx Lorenzoni (DEM-RS), um dos autores do requerimento que pede a CPI, tem uma explicação para a justificar a decisão dos colegas: ¿O principal motivo da desistência foi a compra de apoio com emendas e cargos oferecidos pelo governo. É como o velho esquema do mensalão¿. O deputado Ronaldo Caiado (DEM-GO), que ontem atacou colegas em sua página no microblog Twitter, endossou as críticas aos dissidentes. ¿O que faz um parlamentar que assina um pedido e, de repente, recua? É lógico que foi uma ameaça do PT do governo Lula, que adotou a troca de interesses. Agora, só não sei qual método eles (a base aliada) aplicaram para pressionar: o mensalão, a autorização de obras, de cargos no governo, a liberação de emendas, ou interesses de ordem pessoal, como empregos e liberação de empréstimos.¿

Requerimento Apesar dos conflitos internos, ontem à noite a bancada ruralista já tinha 165 assinaturas para dar entrada com o pedido de abertura da CPI ¿ o número mínimo é 171. Somadas às 33 conseguidas pela senadora Kátia Abreu (DEM-TO) no Senado, onde há exigência mínima é de 27 adesões, os representantes do agronegócio esperam conseguir as firmas que faltam na Câmara para apresentar o requerimento na próxima terça-feira.

A estratégia para evitar o fracasso da semana passada é fiscalizar os parlamentares que já firmaram o documento. ¿A gente está monitorando todos os que já assinaram e batendo na tecla da importância desse tema ser levado adiante¿, diz Caiado.

Os desistentes

Após a leitura do requerimento de criação da CPI do MST na semana passada, 45 deputados retiraram suas assinaturas do documento. Veja a lista dos 18 parlamentares da bancada ruralista que desistiram de apoiar a comissão de inquérito.

Celso Maldaner (PMDB-SC)

Edinho Bez (PMDB-SC)

Édio Lopes (PMDB-RR)

Eliene Lima (PP-MT)

Fernando Coelho Filho (PSB-PE)

Geraldo Resende (PMDB-MS)

João Pizzolatti (PP-SC)

José Rocha (PR-BA)

Lázaro Botelho (PP-TO)

Luiz Fernando Faria (PP-MG)

Nelson Marquezelli (PTB-SP)

Nelson Meurer (PP-PR)

Neudo Campos (PP-RR)

Odílio Balbinotti (PMDB-PR)

Pompeo de Mattos (PDT-RS)

Rodrigo Rocha Loures (PMDB-PR)

Sabino Castelo Branco (PTB-AM)

Veloso (PMDB-BA)