Título: Deputado diz que sua proposta tenta evitar recursos judiciais
Autor:
Fonte: O Globo, 18/11/2012, País, p. 4

Para Cunha, medida é importante para combate à corrupção

Autor do voto em separado que, neste momento, é o principal entrave para a votação da lei anticorrupção na Comissão Especial da Câmara, o deputado Eduardo Cunha (PMDB-RJ) afirma que não atendeu a pressões externas para apresentar sua alternativa ao texto do relator. Ao GLOBO, em duas ocasiões, Cunha afirmou que seu voto apenas impede a aprovação de dispositivos que poderão ser contestados posteriormente, inclusive na esfera judicial. O parlamentar sustenta que seu texto está sendo apreciado em harmonia com o relator, como um ponto de partida para negociação da proposta na comissão.

- Ninguém me procurou, não tenho conhecimento da ofensiva das empreiteiras. Não funciono dessa maneira. Emito opiniões conforme meu entendimento. Não recebi ninguém, em reunião alguma, não ouvi nenhuma sugestão - afirmou o parlamentar, que admitiu que o tema pode ser levado ao plenário, se houver recurso.

voto teria poucas diferenças

O deputado argumenta ainda que a proposta apresentada por ele e o relatório do deputado Carlos Zarattini (PT-SP) têm poucas diferenças. Ainda pondera que, quanto ao mérito do projeto, "todos estão de acordo".

- São alterações mínimas. Não muda a substância do projeto. A proposta é importante para o país. É um projeto sério de combate à corrupção. Todos estamos de acordo. Não há radicalismo (nas propostas). O debate já evoluiu muito. Pedi vista do projeto e fiz sugestões em cima do texto de Zarattini - afirmou Cunha, que disse que tem por obrigação descer aos detalhes e analisar com profundidade todos os assuntos com os quais se envolve, como é o caso do PL 6826.

Na tarde de sexta-feira, após ser procurado pelo GLOBO, Eduardo Cunha postou no Twitter uma série de mensagens relacionadas à reportagem.

O parlamentar disse que estuda e exerce "a minha obrigação de tentar ter opinião sobre o que será votado e tentar participar das discussões, sempre com argumentos".

Disse ainda que a discussão foi interrompida por causa das eleições, e que seu voto em separado atendeu até mesmo sugestão do relator para que o tema pudesse ser melhor debatido no Legislativo.

O GLOBO tentou ouvir representantes das empreiteiras. Procurou a Associação Nacional das Empresas de Obras Rodoviárias (Aneor), sediada em Brasília, e o Sindicato Nacional da Indústria da Construção Pesada (Sinicon), com sede no Rio. Não houve retorno até o fechamento desta edição.