Título: No Rio, jogo semanal para completar renda do mês
Autor: Weber, Demétrio
Fonte: O Globo, 18/11/2012, País, p. 7
Fazer uma "fezinha" no jogo do bicho se transformou, para muitos apostadores do Rio, num complemento de renda, seja do salário ou da aposentadoria. Mesmo incerto e dependente da boa vontade da sorte, o palpite é apontado como o caminho fácil para conseguir dinheiro, desde que o jogador respeite algumas estratégias como a regularidade nas apostas.
Descendente de família mexicana, o ourives Paulo César Casquilho, de 49 anos, morador de Vargem Grande, na Zona Oeste do Rio, é um dos exemplos de brasileiros que já contam com o jogo do bicho para complementar a renda. O ourives procura manter a regularidade das apostas. Para ele, o ideal é jogar duas ou três vezes por semana e fazer apostas que não ultrapassem R$ 5. Casquilho não fala sobre sua remuneração mensal, mas faz questão de revelar o valor dos prêmios que ganhou no bicho.
- Quem ganha tem que gastar logo o dinheiro e não esquecer de separar uma parte para jogar de novo. Prêmio do bicho acaba rápido. Não é bom apostar muito, é preciso manter o controle e confiar nos números - ensina Casquilho. - Para ganhar no jogo tem que saber apostar e nunca aceitar palpite dos outros. Sabe por quê? Esse palpite pode derrubar o seu, que talvez seja o correto naquele dia.
Com muita sorte e seguindo suas regras, Casquilho afirma já ter conseguido R$ 9 mil num prêmio, o maior valor que já recebeu. Até então, sua melhor aposta rendera R$ 4 mil. O dinheiro, diz o ourives, foi usado para reformar a cozinha de sua casa, pedido feito pela mulher.
Apostador quer legalização
Aposentado, Antônio Inácio de Souza, de 70 anos, morador de Bonsucesso, na Zona Norte do Rio, também mantém uma regularidade nas apostas. Mais econômico que Casquilho, o aposentado procura jogar apenas uma vez por semana.
- Não ganho sempre e, quando tenho sorte, não tiro muito. Outro dia ganhei R$ 43 - afirma Souza, que é a favor da legalização do jogo do bicho. - Seria melhor legalizar. Tem Quina, Mega-Sena, é tudo igual, tudo é jogo. O bicho não bate na porta da sua casa, a gente é que vai até ele. E se cobrarem impostos? Melhor, o governo aplica em Educação, Saúde, vai ter mais gente trabalhando nisso, é mais emprego - defende.
Assim como Casquilho, Souza diz que os prêmios do bicho financiam gastos domésticos.
- Minha mulher é quem administra o dinheiro da casa, ela cuida do orçamento. Mas dá para tirar um troco para mim.