Título: Peças de até US$ 3 mil para orquestra
Autor: Oswald, Vivian
Fonte: O Globo, 18/11/2012, Economia, p. 34
Discretos na balança comercial brasileira, os arcos de violino brasileiros começaram a aparecer nas principais orquestras internacionais e já são considerados entre os melhores do mundo. Um projeto que começou em 1994, as exportações já chegam a algo em torno de 30 a 40 peças por mês. Não são muitas, mas a opção da Acapu Arcos foi pela qualidade do que produz. Um único arco pode custar até US$ 3 mil. Fundador da empresa, o gaúcho Renato Casaran fabrica instrumentos musicais desde os 14 anos. Aos 18, viajou para a Europa para se especializar e, depois de alguns anos e muitas feiras internacionais, deu-se conta de que havia um nicho importante de mercado para a fabricação dos arcos de violino. A peça é obrigatoriamente produzida com uma árvore que marcou o Brasil desde que era colônia portuguesa: o pau-brasil. Em 1994, quando ainda produzia as peças na Inglaterra, recebeu uma encomenda do Japão que jamais conseguiria atender sozinho. Foi aí que voltou para o Brasil e se instalou no Espírito Santo, onde ainda havia a árvore. Com a produção certificada, Casaran diz que a Acapu dispõe de estoque de matéria-prima suficiente para garantir a fabricação dos seus arcos exclusivos nos próximos 18 anos. Até lá, ele tem projeto que ensina artesãos a produzir violinos e outros instrumentos. Sua ideia é tentar suprir pelo menos parte da demanda brasileira, que, diz, é de 30 milhões de instrumentos musicais, principalmente após a lei que obrigou o ensino fundamental a ensinar música aos estudantes. — O Brasil tem carência de 30 milhões de instrumentos. Eu gostaria de contribuir com ao menos um milhão, mas isso não é possível com a estrutura que tenho. Voltadas para os mercados da Holanda, da Inglaterra e da Alemanha, com alguma quantidade para o Estados Unidos, as exportações da Acapu caíram nos últimos anos em quantidade. Mas as receitas se mantiveram, porque Renato decidiu investir na qualidade do produto.