Título: Dilma critica Europa e alerta para recessão maior
Autor: Berlinck, Deborah
Fonte: O Globo, 18/11/2012, Economia, p. 36
Presidente ataca austeridade exagerada e dá lição a Portugal e Espanha em cúpula antes dominada por europeus
Num discurso ouvido atentamente por Portugal e Espanha - que passam hoje por um ajuste severo - a presidente Dilma Rousseff disse ontem, na 22ª Cúpula Ibero-americana, em Cádiz, que a "consolidação fiscal exagerada e simultânea em todos os países não é a melhor resposta à crise mundial". E previu o pior: se a atual política europeia for mantida, a crise pode se agravar e levar "a uma maior recessão". Para Dilma, isso seria "um equívoco".
- O equívoco, porém, é achar que a consolidação fiscal coletiva, simultânea e acelerada seja benéfica e resulte numa solução efetiva - afirmou.
Dilma apontou para "os limites da austeridade" - baixo crescimento e aumento de déficits fiscais - e disse que se a Europa afastou o risco de uma quebra financeira, não acabou com a desconfiança dos mercados nem das populações:
- Confiança não se constrói apenas com sacrifícios.
A presidente criticou também o Fundo Monetário Internacional (FMI), dizendo que, há duas décadas, em plena crise da dívida externa, o Brasil, mergulhou na estagnação por seguir a receita do Fundo.
Num forte contraste com cúpulas anteriores, em que Espanha e Portugal diziam o que a América Latina tinha que fazer, desta vez foi Dilma Rousseff quem deu a cartas. Ela disse que Brasil e a América Latina dão demonstrações de "dinamismo econômico, vigor democrático, de maior equanimidade social, graças às políticas que privilegiaram o crescimento econômico com inclusão social". E que o Brasil tem adotado medidas de estímulo "sem comprometer a prudência fiscal". E deu lições até para a Alemanha, sem citá-la:
- Urge que países superavitários façam a sua parte, aumentando investimento, consumo, e importando mais.