Título: Criação de vagas não acompanha ritmo de prisões
Autor: Ribeiro, Marcelle
Fonte: O Globo, 14/11/2012, País, p. 3
Vintes anos depois do Carandiru, superlotação ainda é realidade em boa parte dos presídios do país
A superlotação é uma realidade dos presídios brasileiros. O número de vagas criadas pelo governo nos últimos anos ainda é menor do que a quantidade de pessoas que vão para trás das grades. De 2005 para 2011, o volume de presos aumentou 74% (de 294.327 para 514.582), enquanto as vagas subiram 66% (de 183.610 para 306.497).
Neste ano, a maior tragédia do sistema penitenciário brasileiro, o massacre do Carandiru, completou 20 anos. Na ocasião, 111 presos morreram durante rebelião na Casa de Detenção de São Paulo. O Carandiru daquela época tinha 7,1 mil presos, que se dividiam em 3.250 vagas (média de 2,2 presos por vaga).
Hoje, a maior preocupação tem sido com os três grandes complexos penitenciários que parecem ter se transformado em barris de pólvora, com uma lotação maior do que a do antigo Carandiru. Em setembro, o Presídio Aníbal Bruno, em Pernambuco, tinha 5.230 presos - média de 3,6 pessoas para cada uma de suas 1.448 vagas. No Presídio Central de Porto Alegre, 4.470 presos se amontoavam em 1.986 vagas do Presídio Central de Porto Alegre, com média de 2,2. Já no complexo que abriga os quatro Centros de Detenção Provisória (CDP) de Pinheiros, na capital paulista, a média era de 2,9 presos para cada vaga, num total de 5.933 detentos para 2.056 vagas.
Em menor ou maior grau, celas superlotadas se multiplicam por todo o país. Na maioria, entram bem mais presos do que saem. Só em São Paulo, a população carcerária aumentou em 12.335 pessoas em 2011. É como se uma cidade inteira fosse parar atrás das grades, já que 75% dos municípios brasileiros têm menos de 20 mil habitantes.