Título: Maia recua e decide não votar Fator Previdenciário
Autor: Braga, Isabel; Jungblut, Cristiane
Fonte: O Globo, 21/11/2012, País, p. 7

Presidente da Câmara cede a pressão do Palácio do Planalto

BRASÍLIA Pressionado pelo Palácio do Planalto, o presidente da Câmara, Marco Maia (PT-RS), recuou e não deverá pôr em votação hoje o projeto que trata do fim do Fator Previdenciário, como ele chegou a prometer a parlamentares ontem de manhã. Sindicalistas ocuparam os corredores da Câmara ontem, pressionando pela votação. Mas a reação do Planalto durante todo o dia foi maior e, no início da noite de ontem, Maia adotou um tom mais cauteloso, argumentando que não bancaria a votação sob risco de veto presidencial.

Segundo parlamentares, a presidente Dilma Rousseff pediu diretamente a Maia que não vote o fator na Câmara.

- Não queremos votar o projeto só por votar. Queremos votar sem a perspectiva de veto do Planalto. Não podemos enganar os trabalhadores - disse Maia, à noite.

O líder do governo na Câmara, Arlindo Chinaglia (PT-SP), confirmou que o Planalto não quer a votação do fim do fator este ano porque implicará em aumento de gastos:

- O governo entende a dimensão social do problema, mas a votação implicará aumento de despesas neste momento de crise econômica internacional. Além disso, há preocupação em relação a possibilidade de ações judiciais pelos que se aposentaram sob as regras do fator - disse Chinaglia: - O presidente Marco Maia não trata a questão como pessoal e, da mesma maneira que tem ouvido os líderes e sindicalistas pedindo a votação, também tem ouvido as ponderações do governo.

Em junho deste ano, sob intensa pressão de sindicalistas e líderes partidários, Maia incluiu o projeto na pauta do plenário, mas o governo pediu um prazo, fez reuniões de parlamentares com ministros e conseguiu adiar a votação para o segundo semestre, com a promessa de uma proposta alternativa, o que não chegou até agora ao Congresso.

Aos parlamentares que apoiam o fim do fator, Maia avisou ontem que bancaria a votação e que avocaria para si a relatoria do projeto. Ele sempre disse que pretendia votar o projeto antes do fim de sua gestão, em janeiro. No início da tarde, cerca de 300 sindicalistas da Força Sindical e outras duas centrais lotaram o Salão Verde da Câmara.