Título: Incentivo vai permanecer como política pública
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Fonte: O Globo, 21/11/2012, País, p. 11
Ministra afirma que pasta tem uma postura de inclusão social
SÃO PAULO Com um público formado por dezenas de lideranças e artistas negros, a cerimônia de lançamento dos editais do Ministério da Cultura foi realizada no Museu Afro Brasil, dirigido pelo artista plástico Emanuel Araújo, que saudou a iniciativa do MinC como forma de compensar uma dívida histórica do Estado.
- O Brasil enriqueceu do lombo do escravo, enriqueceu da força do africano. Começa a sanar a falta de elementos negros na cultura brasileira do século 20 - disse Araújo.
A ministra da Cultura, Marta Suplicy, ressaltou que as medidas de ação afirmativa "não têm retorno", devendo permanecer como políticas públicas do governo Dilma Rousseff. Ela descartou, no entanto, que sejam feitas mudanças nas leis tradicionais de incentivo, como a Rouanet, para adaptar o enfoque de inclusão racial e social:
- Essas coisas não se precisa fazer por lei. Quando se percebe que o ministério tem uma postura de inclusão social, elas acontecem.
Marta afirmou que, com os editais, pretende ampliar o espaço e a produção da cultura negra no país.
- Ainda não temos nosso Spike Lee. Mas vamos ter, podem ter certeza - disse a ministra, referindo-se ao cineasta negro norte-americano.
Para a ministra da Igualdade Racial, Luiza Bairros, o momento brasileiro é de fortes ações afirmativas por parte do setor público, como a aprovação de cotas raciais nas universidades e a promoção de programas federais de incentivo à cultura negra, mas ainda falta atrair o setor privado.
Marta anunciou a criação de um grupo de trabalho que vai tratar do lançamento do Museu Afro-brasileiro de Brasília, uma reivindicação da Fundação Cultural Palmares desde 1998. Segundo o presidente da Fundação, Eloi Ferreira, o projeto deve custar R$ 80 milhões.